Pedro de Marco Leão e André Santos é uma curta-metragem portuguesa de ficção presente na secção competitiva na sua categoria da vigésima edição do QueerLisboa - Festival Internacional de Cinema Queer que decorreu entre os passados dias 16 e 24 de Setembro no Cinema São Jorge, em Lisboa.
Pedro (Filipe Abreu) regressa a casa já de madrugada. Em casa, e enquanto a cidade dorme, ele prepara-se para dormir quando a sua mãe (Rita Durão) insiste que quer ir para a praia.
Com argumento da dupla de realizadores, Pedro insere o espectador no centro de uma história atípica sobre as relações internas de uma família composta por uma mãe e um filho. "Pedro", o protagonista desta história é um rapaz aparentemente desligada de uma relação familiar dita saudável que chega a casa quando lhe apetece vindo de destinos que apenas o percurso desta curta-metragem nos possibilita imaginar. Nos silêncios para com a sua mãe preocupada com uma qualquer relação que tenta dinamizar, "Pedro" vive uma pós-adolescência marcada por uma sexualidade florescente e momentos de exibicionismo que as novas tecnologias lhe permitem ter com estranhos. Se este lado relativamente oculto - no contexto - da sexualidade de "Pedro" despertam a curiosidade do espectador para o que poderá vir a seguir, é também justo afirmar que a dinâmica e a privacidade entre mãe e filho estão apenas separadas - se é que algo - por uma ténue linha que os aproxima como dois conhecidos e não como a relação entre mãe e filho poderiam fazer esperar. A nudez e falta de privacidade de "Pedro" apenas parecem colidir com a imediata e evidente dependência que a mãe parece ter em relação a este filho único e, como tal, permitir ao espectador deduzir que a origem de um qualquer incesto pode eventualmente surgir entre ambos.
É também esta dependência afectiva da mãe em relação a "Pedro" que se fazem sentir quando esta o arrasta forçadamente para a manhã de uma praia desertificada na esperança de encontrar o tal homem com quem falava anteriormente ao telefone. Filho este que interpõe no espaço como que se de uma saída de amigos se tratasse esperando conquistar - do outro - a aprovação para uma qualquer nova relação que possa ter. No entanto, é neste mesmo momento que filho se distancia da mãe - talvez por não querer embarcar numa nova aventura sentimental de uma mãe insegura e incerta - aproximando-se da própria exploração da sexualidade com um outro homem (João Villas-Boas) que se insinua para ele na esperança de um qualquer contacto e momento de prazer. É novamente com esta dinâmica inesperada que, uma vez mais, a mãe se impõe como um elemento predominante assistindo ao flirt estival deste homem com "Pedro" mas presumindo que o mesmo o faz para consigo.
"Pedro" de poucas conversas mas assumidamente interessado numa sexualidade activa com este homem - que aproxima a curta-metragem de André Santos e Marco Leão de um L'Inconnu du Lac (2013), de Alain Guiraudie português e observemos a própria dinâmica sexual e parecença física das personagens interpretadas por Filipe Abreu e João Villas-Boas em relação a Pierre Deladonchamps e Christophe Paou - vive um silêncio que é apenas quebrado pela sua manifesta vontade de seduzir pelo olhar, pelos gestos e pelas breves manifestações físicas que o aproximam do desconhecido e de uma qualquer manifestação sexual que o satisfaça... de momento.
O clima criado em Pedro pela dupla de realizadores é, assumidamente, de uma tensão sexual. Por um lado da (implícita) repressão do desejo de uma mãe que, no entanto, deseja a sua concretização e, por outro, de "Pedro" enquanto jovem que vive o auge da descoberta e da sua sexualidade sendo o eventual desconhecido (Villas-Boas) aquele que faculta à mãe a imagem do já referido desejo e ao filho a sua concretização.
Com uma direcção de fotografia de Hugo Azevedo que divide esta curta-metragem em dois momentos distintos - do interior de um apartamento na alvorada à luz constante de um dia de sol por confirmar - e uma música original de Bruno Cardoso que incute um clima moderno e jovem à dinâmica aqui pretendida, Pedro prima pela afirmação da tentada sedução do talento de um jovem Filipe Abreu, pela marcada interpretação de uma sempre excelente Rita Durão aqui como uma mãe emocionalmente dependente de um filho que luta silenciosamente pela sua independência emotiva e emocional e um João Villas-Boas que ainda que com uma interpretação secundária se afirma facilmente pelo magnetismo e importância que a composição da sua personagem assume na dinâmica da relação entre mãe e filho.
Eventualmente o filme mais intenso e marcante desta dupla de realizadores que aqui não só registam a sua obra mais determinante (à data) como um passo significativo para que o espectador os tenha "debaixo de olho", Pedro assume-se como um dos filmes curtos mais fortes desta última edição do QueerLisboa e possivelmente um dos melhores do ano cinematográfico português.
É também esta dependência afectiva da mãe em relação a "Pedro" que se fazem sentir quando esta o arrasta forçadamente para a manhã de uma praia desertificada na esperança de encontrar o tal homem com quem falava anteriormente ao telefone. Filho este que interpõe no espaço como que se de uma saída de amigos se tratasse esperando conquistar - do outro - a aprovação para uma qualquer nova relação que possa ter. No entanto, é neste mesmo momento que filho se distancia da mãe - talvez por não querer embarcar numa nova aventura sentimental de uma mãe insegura e incerta - aproximando-se da própria exploração da sexualidade com um outro homem (João Villas-Boas) que se insinua para ele na esperança de um qualquer contacto e momento de prazer. É novamente com esta dinâmica inesperada que, uma vez mais, a mãe se impõe como um elemento predominante assistindo ao flirt estival deste homem com "Pedro" mas presumindo que o mesmo o faz para consigo.
"Pedro" de poucas conversas mas assumidamente interessado numa sexualidade activa com este homem - que aproxima a curta-metragem de André Santos e Marco Leão de um L'Inconnu du Lac (2013), de Alain Guiraudie português e observemos a própria dinâmica sexual e parecença física das personagens interpretadas por Filipe Abreu e João Villas-Boas em relação a Pierre Deladonchamps e Christophe Paou - vive um silêncio que é apenas quebrado pela sua manifesta vontade de seduzir pelo olhar, pelos gestos e pelas breves manifestações físicas que o aproximam do desconhecido e de uma qualquer manifestação sexual que o satisfaça... de momento.
O clima criado em Pedro pela dupla de realizadores é, assumidamente, de uma tensão sexual. Por um lado da (implícita) repressão do desejo de uma mãe que, no entanto, deseja a sua concretização e, por outro, de "Pedro" enquanto jovem que vive o auge da descoberta e da sua sexualidade sendo o eventual desconhecido (Villas-Boas) aquele que faculta à mãe a imagem do já referido desejo e ao filho a sua concretização.
Com uma direcção de fotografia de Hugo Azevedo que divide esta curta-metragem em dois momentos distintos - do interior de um apartamento na alvorada à luz constante de um dia de sol por confirmar - e uma música original de Bruno Cardoso que incute um clima moderno e jovem à dinâmica aqui pretendida, Pedro prima pela afirmação da tentada sedução do talento de um jovem Filipe Abreu, pela marcada interpretação de uma sempre excelente Rita Durão aqui como uma mãe emocionalmente dependente de um filho que luta silenciosamente pela sua independência emotiva e emocional e um João Villas-Boas que ainda que com uma interpretação secundária se afirma facilmente pelo magnetismo e importância que a composição da sua personagem assume na dinâmica da relação entre mãe e filho.
Eventualmente o filme mais intenso e marcante desta dupla de realizadores que aqui não só registam a sua obra mais determinante (à data) como um passo significativo para que o espectador os tenha "debaixo de olho", Pedro assume-se como um dos filmes curtos mais fortes desta última edição do QueerLisboa e possivelmente um dos melhores do ano cinematográfico português.
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