domingo, 24 de setembro de 2017

La Folle Histoire de Max et Léon (2016)

.
A Louca História de Max e Leon de Jonathan Barré é uma longa-metragem franco-belga que relata a cúmplice e longa amizade entre Max (David Marsais) e Léon (Grégoire Ludig), durante o mais conturbado período da História Europeia... a Segunda Guerra Mundial.
O realizador e os dois actores protagonistas escrevem o argumento desta história que é desde o primeiro instante, um hino a uma loucura sem fim capaz de fazer inveja ao mais frenético conto de Baz Luhrmann. Da juventude em que o bullying os aproximou aos anos loucos da adolescência e enquanto jovens adultos, "Max" e "Léon" são dois homens capazes de aproveitar a vida ao seu máximo e não se arrependendo de nenhuns dos momentos pelos quais passam. É, no entanto, no dia em que estala o conflito que opôs França à Alemanha - e estes para com todo o mundo - que a sua vida de folia e diversão parece ter chegado a um final.
Se Luhrmann já aqui foi referido - e o espectador que queira ver este La Folle Histoire de Max et Léon compreenderá fácil e rapidamente -, então cedo a palavra "folle" representará muito (senão tudo) daquilo que esta longa-metragem tem para oferecer. Aquilo que se inicia como uma comédia com potencial para retratar a amizade longa e duradoura entre dois homens e que permite ao espectador vislumbrar algum encanto desses anos loucos onde tudo parece possível, o que é certo é que com os momentos iniciais do conflito onde a sua paz é finalmente perturbada, é esperada alguma componente dramática que, no entanto, dá lugar a uma comédia de impossíveis apenas capaz de fazer rivalidade com um Home Alone (1990), de Chris Columbus deixando no ar a única e possível questão... "a sério que é por este caminho que se pretende levar este filme?!"...
De viagens pelo interior de uma Europa devastada a passeios pelo Canal da Mancha rumo a uma Inglaterra onde ninguém parecia muito preocupado em confirmar identidades, de emissões da BBC que ninguém aparenta controlar a troca de guarda-roupa que ora os coloca como tropas aliadas ora como oficiais nazis, "Max" e "Léon" vivem numa correria mais desgastante que um moroso documentário sobre a técnica de fazer baínhas em vestidos renascentistas... A ideia da comédia até tem os seus momentos de interesse pontual onde se explora algum ridículo colaboracionismo francês ou um tentado humor britânico com piadas subtis e mais inteligentes mas, no entanto, no meio de tanta confusão que coloca uma qualquer aldeia da Gália como uma lugar sacro-santo... o espectador perde não só a noção de tudo o que se passa à sua volta como principalmente da esperada dinâmica que seria de criar entre personagens e destas com o ambiente tumultuoso que se fazia sentir na época em questão.
Se o absurdo não fosse já uma constante não perceptível, eis que chega o momento em que se transforma um campo de prisioneiros de guerra num não tão elaborado momento musical (não tão) digno da Broadway cujo único propósito foi ocultar uma tentativa de fuga e criar um certo ambiente descontraído no referido espaço onde germânicos invasores e franceses ocupados são, afinal, compinchas metidos numa situação delicada. Não me assusta ou incomoda que se tente utilizar a comédia para contar história dramáticas que a mente humana não ousa pensar - Roberto Benigni teve o seu brilhante e único La Vita è Bella (1997) -, mas La Folle Histoire de Max et Léon revela que esse tal humor dramático e inteligente nem sempre é uma constante.
É, no entanto, nos secundários que residem alguns dos pontos fortes desta longa-metragem, nomeadamente no "Commandant Beaulieu" de Jonathan Cohen que se revela como um militar capaz de dar cor ao seu exibicionismo para agradar aos seus irmãos de armas, um Dominique Pinon enérgico como sempre que se revela como um inesperado líder da Resistência, entre outros assim como na sua componente técnica como a direcção de fotografia da autoria de Sascha Wernik que confere a esta longa uma atmosfera digna de um filme dos anos 40... mas a cores, e ainda à direcção artística e de guarda-roupa ou mesmo a caracterização que levam o espectador a uma viagem pela referida época.
Com um potencial extraordinário que, no entanto, se deixou levar pelo lado mais fácil e desprotegido da comédia, La Folle Histoire de Max et Léon perde-se em todo o seu ritmo frenético que não soube conter, limitando-se a um lado mais jocoso de uma história sempre séria ainda que, por breves e pontuais momentos, consiga surpreender o espectador com alguma originalidade nas situações recriadas... afinal quantos de nós já não se sentiram heróis face ao perigo e imaginamos actos de uma proeza desmesurada... quantos já não se viram em caminhos mais "apertados" e dispostos a tudo para sobreviver ou mesmo, quantos já não se encontraram no lugar certo na hora certa... naquele exacto momento em que toda a História está prestes a mudar? - pois... aqui talvez não... e é esse o problema dos nossos dois protagonistas... é que por muito invulgar e inesperada que seja a sua odisseia... demasiadas coincidências em pouco mais de noventa minutos... é realmente coincidência a mais.
Distrai e entretém durante alguns momentos, mas esta "Folle Histoire" pretendeu ser mais do que aquilo que, na prática, conseguiu ser mantendo-se apenas, tal como o nome indica... uma história (realmente) louca.
.

.
5 / 10
.

1 comentário:

  1. Sinceramente e dentro do seu gênero, achei o filme muito engraçado, cumprindo o seu propósito

    ResponderEliminar