sexta-feira, 11 de junho de 2010

The Magdalene Sisters (2002)

As Irmãs de Maria Madalena de Peter Mullan que estamos mais habituados a ver à frente da câmara do que atrás dela, é um poderoso filme baseado numa história verdadeira que se centra na vida de três jovens mulheres que se viram forçadas a enclausurar-se na Ordem de Maria Madalena e aí sofrer vários abusos de ordem física e psicológica por parte das freiras que o governavam.

A maioria para ali enviada pelos pais que as renegavam na maior parte das vezes por serem mães adolescentes e fora do casamento. Bebés estes que, uma vez nascidos, eram entregues a famílias adoptivas às escondidas destas raparigas e que, uma vez na Ordem, eram forçadas a trabalhar "para além da sua própria existência" em lavandarias onde segundo as mesmas freiras, "lavavam os seus pecados".

Aqui além dos trabalhos forçados, das humilhações constantes que poderiam ir da violência física à psicológica, onde era tentado de toda a forma que a beleza, a imagem e a vontade própria fossem para sempre banidas, e até vítimas dos abusos sexuais de alguns dos padres.
Acima de tudo este filme mostra-nos um retrato de gerações perdidas e de juventudes roubadas. Mostra-nos como os locais de moral para os quais estas raparigas eram enviadas, eram os mesmos locais que lhes mostravam pela primeira vez o quão corrompidas e maltratadas poderiam ser.
A dar corpo a estas raparigas temos as brilhantes Anne-Marie Duff, Nora-Jane Noone e Dorothy Duffy. Diferentes foram os motivos que levaram cada uma delas a entrar na Ordem como empregadas de lavandaria, totalmente alienadas da sociedade em seu redor, e que assim serviam os propósitos da Ordem.
No entanto, o grande papel deste filme é sem sombra de dúvidas o da Irmã Bridget, magistralmente interpretado por Geraldine McEwan que encarna uma personificação do mal que ora pela violência física ora pela violência psicológica quer estabelecer a ordem. A sua ordem. A sua violência. Violência e ordens estas que se fundamentam apenas na humilhação dos indivíduos e no interesse despótico que sente pelo dinheiro que acumula à custa do trabalho das suas "escravas". McEwan oferece-nos um digno papel de figurar ele também no conjunto dos vilões do cinema. Hannibal Lecter, acautela-te!
Brilhante este trabalho de Peter Mullan que nos habituou aos seus compostos e bem elaborados trabalhos de representação mas que aqui nos entrega um genial trabalho de realização, com uma pequena perninha como actor, pai de uma das raparigas abandonadas na Ordem, trabalho este com o qual venceu o Leão de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Veneza. Um filme simplesmente brilhante.



10 / 10

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