Diário de um Escândalo de Richard Eyre é daqueles filmes que antes de o ver atrai qualquer um de nós. O porquê, aliás, os porquês, são os dois nomes que compõem brilhantemente o cartaz: Judi Dench e Cate Blanchett. É simplesmente impossível ficar indiferente a um filme que junta estas duas ENORMES actrizes.
Depois claro, ajudou ser um filme com quatro nomeações aos Oscar sendo que duas delas eram exactamente para as respectivas actrizes, Dench para Actriz e Blanchett para Secundária. Injustamente não escolhidas... talvez talvez... mas o que é certo é que com ou sem Oscar ninguém lhes retira o enorme poder com que brindaram estes dois belíssimos desempenhos.
Barbara (Judi Dench) é uma veterana professora numa escola onde ninguém a aprecia; nem alunos nem professores. Vive uma vida áspera e recatada onde não deixa ninguém penetrar.
À mesma escola chega Sheba (Cate Blanchett) uma jovem professora de arte que rapidamente fascina não só os alunos, como os professores seus colegas e num silêncio cortante ganha a imediata atenção de Barbara que não só quer a sua amizade como a cobiça a um nível que ultrapassa uma amizade platónica. Barbara deseja Sheba.
Após descobrir que Sheba mantém um romance com um dos seus alunos menores está aqui a oportunidade perfeita de Barbara obter toda a atenção de Sheba e tê-la à sua mercê.
Se a presença dos dois nomes no cartaz já não fosse por si só o suficiente para conquistar a atenção do público para visionar este filme, a sua história é também muito aliciante para que nos agarremos ao filme do princípio ao fim.
Tanto Barbara como Sheba revelam ser duas personagens que se sentem no seu íntimo sós. Desejam a atenção de alguém. Uma atenção inequívoca e sem rodeios. Barbara só a tem na escola devido ao seu comportamento rígido e austero. Por sua vez Sheba, casada com um homem mais velho, com uma filha independente e um filho com necessidades especiais não a tem como desejaria e como tal, obtém-na através do seu jovem aluno. O desejo. Aquilo que ambas procuram ter e que só alcançam através de jogos doentios quer de poder quer de corrupção. O poder de Barbara sobre Sheba, e a corrupção física desta para com o seu aluno.
Tudo isto apimentado ao longo do filme com os excelentes pensamentos de Barbara enquanto escreve no seu diário, ao som e ritmo de uma magnífica banda-sonora da autoria de Philip Glass que muito cedo nos revela um escalar e uma queda estrondosa das personagens que nos são apresentadas.
Um magnífico filme repleto de estrondosas interpretações onde figura também Bill Nighy no papel de marido de Blanchett, com uma banda-sonora intensa e poderosa e um argumento de Patrick Marber simplesmente genial, este é um filme que não se deve deixar passar.
"Barbara Covett: We want so much to believe that we've found our other. It takes courage to recognise the real as opposed to the convenient."
8 / 10
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