sexta-feira, 4 de junho de 2010

Water (2005)

Água de Deepa Mehta é um brilhante e emocionante filme passado na India onde à época, a mulher após enviuvar tinha três fins possíveis. O primeiro casar com o irmão mais novo do seu marido. O segundo imolar-se com o corpo do falecido. Finalmente, a terceira forma e aquela por onde muitas passaram, era em locais destinados às viúvas e onde se dedicavam a uma vida de miséria.

Aqui sofriam um destino pior do que a própria morte pois não só estavam privadas de toda a sua dignidade através do trabalho forçado e sujeitarem-se a pedir na rua para poder sobreviver, eram também consideradas um mal social que deveria ser colocado afastado dos olhos e dos caminhos de todos os outros.

Era com estas restrições que viviam diariamente, algumas durante décadas, e algumas bem jovens. O seu destino estava entregue ao abandono e à exclusão social simplesmente porque eram viúvas.
As humilhações no entanto, não vinham só do exterior. Também se faziam sentir entre o própiro grupo de mulheres. Algumas eram forçadas a prostituir-se aos grandes senhores da cidade, homens de respeito das castas mais altas, fazendo assim enriquecer as matriarcas que delas "tomavam conta". Uma vez desrespeitadas puniam as mais fracas da forma que achassem mais conveniente. Não só tinham de se conformar em ser marginalizadas pela sociedade em geral como também tinham assim de se preocupar com a marginalização dentro do próprio grupo.

No entanto, numa época em que pela India se sentiam ventos de mudança, também estes chegavam às mentes e às consciências das pessoas que se recusavam a negar e esconder os seus sentimentos e que queriam assim mudar os velhos costumes de um novo país que queria emergir.
Dono de um brilhante trabalho de fotografia da autoria de Giles Nuttgens que cruza harmoniosamente as cobres vibrantes e quentes de uma India rica e poderosa com uns tons cinza de tempos passados ficam, no entanto, presentes na memória daqueles que viveram décadas privados dos seus direitos e das suas liberdades individuais.
Não só do argumento, de boas interpretações em particular as de Lisa Ray e de John Abraham, e de um bom trabalho a nível fotográfico vive o filme. Considerando que a acção decorre num país tão vibrante como a India seria impensável não ter aqui presente uma riquíssima banda-sonora da autoria de Mychael Danna e do duplamente Oscarizado A. R. Rahman que confere ao filme a sensibilidade que em diversos momentos lhe falta não pelo filme em si mas pela história que ele mesmo conta.
Temos aqui um filme verdadeiramente magnífico.



8 / 10

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