sábado, 6 de novembro de 2010

Looking for Eric (2009)

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O Meu Amigo Eric de Ken Loach é uma brilhante comédia dramática britânica com a participação de Steve Evets no principal papel que lhe deu a nomeação ao Prémio de Cinema Europeu de Melhor Actor em 2009 e também com o ex.jogador de futebol Eric Cantona que tem agora algumas participações em cinema.
Evets interpreta Eric Bishop, um carteiro fanático por futebol e que se encontra na pior fase da sua vida... Sem mulher, com um trabalho para o qual já não encontra dedicação, dois filhos a viverem a fase da adolescência em que se metem em todo o tipo de problemas e uma filha de uma ex-paixão que o faz reencontrar-se com a mesma.
No entanto, nem tudo corre mal. Eric tem também o apoio dos seus melhores amigos que se encontram sempre por perto e, depois de um charro que lhe subiu bem à cabeça, passa também a ter o apoio do seu ídolo maior... o futebolista Eric Cantona em "pessoa".
Através de muitas "conversas" entre ambos Eric, o carteiro, passa a debater e discutir a sua vida e os problemas que ao longo dos anos lhe foram cruzando os caminhos, o que perdeu, o que abandonou e até onde isso o levou, e a receber conselhos e indicações de Eric, o futebolista. São estas mesmas conversas que o ilucidam sobre o que de facto tem e como deve rentabilizar e concentrar-se nesses mesmos ganhos, como por exemplo ser pai e avô ou o ter dois filhos jovens que precisam da sua orientação, em vez de passar o tempo a pensar naquilo que não tem. E especialmente na possibilidade que tem em poder recuperar e reconquistar a mulher que sempre amou, mãe da sua filha.
Como sempre, visto que já é digamos a "marca" do cinema de Ken Loach, aqui também encontramos uma personagem que não vivendo à margem da sociedade é, no entanto, alguém que a sociedade quase excluiu. Ou melhor, alguém que a sociedade esqueceu. Alguém que sempre passou no limite entre ela e algo que existe para além. Alguém que está "anulado" de ter ideias, objectivos ou sonhos. Alguém que simplesmente se limitou a "estar por lá".
São estas mesmas personagens marginais com as quais conseguimos encontrar pontos de referência com as nossas próprias vidas. Não necessariamente nos aspectos mais negativos, pois positivos também existem. Quer seja de uma forma ou de outra encontramos essas mesmas referências comuns, que existem devido à credibilidade e realismo com que as personagens dos filmes de Loach são elaboradas. Ele cria-as considerando que elas são mesmas pessoas. Pessoas como qualquer um de nós. Pessoas que têm vidas, problemas, tristezas e alegrias e que, como tal, são tão reais como qualquer um de nós e que as suas vivências podem, de uma ou outra forma, ser iguais a tantas outras pessoas.
Steve Evets, o actor que dá vida a Eric o carteiro, era para mim um actor totalmente desconhecido. Não recordo de nada em que o já tivesse visto representar. No entanto, verdade seja dita, que mesmo que este tivesse sido o seu primeiro trabalho de representação, seria totalmente justo afirmar que estaria perante um brilhante actor digno de estar na "galeria" onde brilham tantos outros nomes que conhecemos e amamos. A sua personagem criada num misto de alegria e amargura, de comédia e de drama, é um brilhante retrato sobre a condição humana. Sobre como os problemas que existem na vida podem, e muitas vezes conseguem, moldar o nosso dia-a-dia e como consequência o nosso futuro.
Já quanto a Eric Cantona, o seu retrato como "ele próprio", é uma brilhante lufada de ar, talvez não fresco pois já o vimos representar em outros quantos filmes em papéis secundários, mas impressiona pela sua calma, tranquilidade e dedicação a alguém que precisa de um enorme camião de auto-estima.
A dinâmica que se cria entre os dois "Eric" é, sem sombra de dúvida, um dos pontos bem altos do filme e que o lança num fantástico imaginário com que qualquer um de nós se pode identificar. Duvido que exista a pessoa que nunca se imaginou (não forçosamente à custa do poder do charro) a ter longas e fantásticas conversas com aqueles ídolos que amamos e estimamos acima de tudo.
Paul Laverty, autor do argumento do filme, está de parabéns por ter criado um rico e interessante filme sobre a auto-estima, a valorização pessoal, a amizade, a família e os sonhos... os que se cumpriram e aqueles que estão por cumprir. Brilhante filme dramático. Igualmente brilhante como filme de comédia que nos consegue despertar de uma forma muito natural alguns sorrisos e umas quantas gargalhadas que chegou inclusivé a ser, justamente, nomeado à Palma de Ouro em Cannes.
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"Eric: The noblest revenge is to forgive."
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8 / 10
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