Manuel de Bruno Carnide é um documentário português em formato de curta-metragem que em breves minutos narra a vida de um homem e de como a sua história se pode confundir com aquela de um país.
Manuel é um homem só de um nome. Viúvo de 71 anos de idade que iniciou a sua vida profissional enquanto carpinteiro mas que rapidamente - e por falta de trabalho na área - se dedicou à produção de café, da qual fez vida.
De país produtor de importância mundial de café, o governo de São Tomé e Príncipe nacionalizou todas as plantações do mesmo permitindo apenas a pequenos produtores a sua exploração. Manuel, anteriormente com a ajuda da mulher, produz(ia) garantindo assim uma parte do seu parco sustento numa vida que o próprio afirma ser difícil pois a vida está "cada vez mais cara". O espectador acompanha os seus relatos enquanto observa, ao mesmo tempo, o processo de preparação de café, desde o grão à moagem e à sua consequente venda como um produto marca registada do país.
Mas Manuel - o documentário - consegue captar ainda outra dinâmica - também ela muito interessante e a que poderia ter ido mais longe - na medida em que graças a esses breves relatos traça um pouco da História - sua e do país - ao falar brevemente de si, ou seja, a falta de um apelido e nome de família fruto dos tempos colonialistas e até mesmo da sua actividade que era - como anunciado logo no início deste documentário - uma das (senão a) principal fonte de rendimento do arquipélago Africano.
Manuel é assim um documentário perspicaz e bem delineado que suscita curiosidade ao abrir a porta - mais uma - às milhares de histórias da História que poderiam (e precisam) ser contadas sobre os antigos territórios coloniais portugueses dos quais uma grande parte da população ainda tão pouco conhece.
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7 / 10
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