sexta-feira, 12 de abril de 2013

Nathalie... (2003)

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Nathalie... de Anne Fontaine é um filme que capta logo de imediato a nossa atenção graças ao seu mediático elenco onde se destacam Fanny Ardant, Emmanuelle Béart e Gérard Depardieu.
Catherine (Ardant) descobre uma mensagem incriminadora no telefone do seu marido Bernard (Depardieu) que revela que este esteve com uma amante. Por entre o seu desgosto e uns passeios pelas ruas de Paris, Catherine dá consigo a entrar dentro de um bar de alterne onde se deixa encantar por Marlène (Beart), uma sedutora mulher que ali faz vida para poder ganhar algum dinheiro extra. É a ela que Catherine pede para encarnar uma nova personagem e assumir o nome de "Nathalie" podendo assim seduzir o seu marido e descobrir o quão infiel ele lhe é bem como todos os mais íntimos detalhes que esta missão irá despoletar em Bernard.
Até que ponto serão os relatos de Marlène satisfatórios para uma insatisfeita e desgostosa Catherine que tudo fará para perceber o que o seu marido faz quando não está presente, e que contornos irá ganhar a misteriosa e igualmente intensa relação entre estas duas mulheres?
Aquilo que de mais interessante o argumento da autoria de Philippe Blasband, Jacques Fieschi, Anne Fontaine e Fraçois-Olivier Rousseau consegue criar, é uma excitante e intensa dinâmica entre as duas actrizes principais que se prende durante todo o filme. Diversas são as ocasiões onde momentâneamente nos esquecemos de que uma contratou a outra para investigar os desvios sexuais que o seu marido tem com inúmeras outras mulheres e ficamos presos à relação que se estabelece entre "Catherine" e "Marlène". Por um lado esta relação parece de uma admiração mútua entre duas mulheres que representam estratos sociais e etários diferentes... aquilo que uma tem e a outra já perdeu ou não chegou ainda a ter, ou seja, enquanto uma ainda é jovem a outra já está a viver a sua meia idade mas, ao mesmo tempo, esta última tem uma vida económica estabelecida enquanto a primeira tem de lutar para conseguir sobreviver num mundo que não lhe tem propriamente aberto as portas. Mas, ao mesmo tempo, esta mesma relação parece ganhar contornos de uma estranha tortura de "Marlène" sobre "Catherine" na qual a primeira usa os seus dotes e conhecimentos sobre aquilo que satisfaz o marido da outra e o usa para aos poucos ir ganhando mais algum dinheiro que lhe é providenciado.
Finalmente, vai sendo aos poucos claro que aquilo que as une vai para além de uma estranha e improvável amizade mas também um pouco de desejo e prazer que pode ser eventualmente proporcionado para ambas as partes. Estas duas mulheres escondem um desejo crescente sobre o quanto parecem gostar uma da outra e que poderiam estar a disfrutar dele em vez de perderem tempo com um homem que, aparentemente, trai a sua mulher com qualquer que seja a amante que se disponibilize primeiro.
Dito isto, e mesmo considerando a sempre dinâmica relação entre estas duas mulheres, é também justo dizer que se lhe retirarmos este aspecto todo o restante filme simplesmente deixa de ter um motivo para existir. Com personagens secundárias praticamente decorativas e todo um cenário que, apesar de demonstrativo dos ambientes característicos destas duas mulheres, excelentemente recriado pelas mãos de Michel Barthélemy, Etienne Rohde e Boris Piot, não chega no entanto para o transformar num filme maior sobre as dinâmicas das relações quer sejam elas de amizade quer sejam sentimentais, este filme consegue apenas cativar-nos pelas excelentes interpretações das duas grandes actrizes que são Fanny Ardant e Emmanuelle Béart mas, ao mesmo tempo, não consegue ir além disso não alcançando aquela história maior sobre o que realmente motiva cada indivíduo em particular.
Interessante e constitui um bom visionamento muito graças às respectivas actrizes mas, para além disso, não é um filme que permaneça muito tempo na nossa memória ou sequer que vá para além da dinâmica criada entre Ardant e Béart justamente nomeadas para os prémios do público dos European Film Awards, e onde o próprio Depardieu se assume como um actor apagado quase nulo que pouco contribui para o desenrolar da história sendo que, no entanto, toda ela se origina com base no seu comportamento extra-matrimonial.
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4 / 10
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