A Dança de Sísifo de André Lourenço e Paulo Valente é uma curta-metragem produzida pela Universidade Lusófona de Lisboa, naquele que é um interessante e bem elaborado trabalho sobre a importância do conhecimento e da cultura na liberdade individual.
Quando em 2084 temos uma sociedade autómata onde são criados individuos desprovidos de sentimentos e de sensações, um regime totalitário impede que o conhecimento se propague, conseguindo assim controlar as mentes daqueles que têm sede pelo conhecimento e sabedoria.
A história e o argumento deste filme, também da autoria de André Lourenço, são francamente interessantes se pensarmos no quão "actual" pode ser esta abordagem sobre os "perigos" da literatura e do conhecimento. Quando os mesmo são considerados nocivos para a sociedade (como já o foram em tempos), aquilo que temos é o estabelecimento de um regime ditatorial que a tudo e todos tenta oprimir e afastar por ser considerado uma ameaça.
Interessante está então a relação estabelecida entre a "criação" de seres que não tendo expressão, emoções ou sentimentos, se destinam unica e exclusivamente à perseguição sem fim daqueles que se opõem ao regime vigente. Felizmente, esta não é cega para sempre e chega sempre o momento de questionar as ordens que "nos" são dadas...
Igualmente desafiante e inovador estão a fotografia de Rodolfo Silveira que transforma o espaço num local quase claustrofóbico de onde parece impossível escapar, graças a uma total ausência de cor, movimentando-se apenas de um preto e branco quase artificial, bem como a banda-sonora de João Portela que recria um ambiente futurista e desprovido de emoção ou reacção às mesmas.
Já vencedor de um das edições do Shortcutz Lisboa, este é um trabalho desafiante, com pernas para andar um pouco mais além e que certamente não iria desiludir os fãs do género.
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"Voz-off: A liberdade ficou esquecida nas páginas de um livro."
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7 / 10
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