Grinch de Ron Howard que conta com a participação de Jim Carrey na personagem principal cujo nome "baptiza" este filme, e que nos conta a história natalícia de Whoville, uma terra mágica existente dentro de um floco de neve exclusivamente habitada pelos Who, um povo bem alternativo cujo único objectivo na vida é a referida época festiva e tudo o que envolve a sua (levada ao exagero) celebração.
No entanto, como nem tudo pode ser perfeito e onde uma "ovelha-negra" é sempre desejada, os Who também têm a sua na "pessoa" do Grinch (Carrey), uma criatura hedionda e por todos repudiada por ser "diferente", que detesta o Natal bem como toda aquela estranha população que a todo o custo tenta prejudicar, mais não seja nas suas adoradas celebrações e alegres festejos.
Numa época em que se deve amar o próximo e integrar todos na comuunidade, tanto os Who como o Grinch mantêm-se separados... mas Cindy Lou Who (Taylor Momsen) tudo fará para que acabem definitivamente os preconceitos que todos criaram entre si voltando a ser esta, uma comunidade unida como manda o próprio espírito da época que todos têm como o centro do seu universo.
Depois de vermos este filme compreendemos na perfeição como mais ninguém, para além de Jim Carrey, poderia ter dado vida a esta estranha e excêntrica personagem como é o "Grinch". Carrey que todos nós poderemos assumir como um mestre na arte do exagero das composições das mais diversas, mas sempre excêntricas, personagens, tem aqui mais uma que, correndo o risco da utilização de um cliché, lhe assenta que nem uma luva. Carrey é a excentricidade em forma de pessoa. Exagerado e quase maníaco, mas sempre com uma dose elevada de bom humor e disposição que é, na prática, a alma de todo o filme, Carrey revela também uma dose de escondida humanidade que transformam a sua personagem do inicial revoltado a alguém que desesperadamente espera ser integrado num meio ao qual, afinal, também pertence. Mais ninguém, senão ele, tem a capacidade de encarnar este tipo de personagens (por vezes rejeitadas) e conseguir, no final, sair por cima sendo "identificável" no seu desempenho toda uma evolução interpretativa e a tal "alma" que se espera que um bom actor entregue ao corpo ao qual dá vida podendo o espectador encontrar mais em quem é retratado do que aquilo que os primeiros momentos insistem revelar... Afinal, nem tudo é como tendencialmente insiste parecer... É aqui, tal como noutras interpretações do género, que mostra a sua genialidade e os "porquês" - "he's a what... not a who" - de não cair no esquecimento por parte do espectador... as suas composições são hoje (e serão no futuro) eternas e eternizadas.
Do restante elenco onde se destacam nomes como Jeffrey Tambor como "Augustus Maywho", o eterno inimigo do "Grinch", ou Christine Baranski como "Martha May Whovier", a razão da disputa sentimental de ambos, destaca-se a presença de uma muito jovem Taylor Momsen como "Cindy Lou Who", aquela que não desiste de provar que afinal sim, o Natal existe e deve ser sempre para todos e revelando que é a falta de apenas um dos seus elementos para condicionar todo o propósito do verdadeiro festejo e do significado da palavra central... Natal. E no meio de tantas personagens humanas, seria quase impossível falar deste filme sem referir o magnífico "desempenho" que o pequeno "Max", o cão e único verdadeiro amigo - e aquele que brevemente funciona como a sua inesperada consciência e, como tal, vítima dos seus caprichos - do "Grinch" entrega e este filme. Simplesmente divino!
Mas, no entanto, apesar de How the Grinch Stole Christmas possuir todo um conjunto de interessantes e dinâmicos elementos que passam pelo já referido elenco a toda uma composição artística que levam o espectador para um cenário e universo diferentes e francamente alternativos, esta longa-metragem não consegue atingir o estatuto de culto que outras da mesma temática conseguiram alcançar. Sem ser um filme brilhante, e apesar de conseguir transmitir directamente ao coração dos mais sensíveis a sua pertinente mensagem natalícia sobre o que significa realmente a época, é no campo caracterização que saiu vencedora de um Oscar atribuído a Rick Baker e a Gail Rowell-Ryan, bem como na respectiva direcção artística e guarda-roupa, também elas alvo de nomeações aos Oscar que esta longa-metragem atinge de facto o seu ponto alto. Mas, ainda que How the Grinch Stole Christmas possua este conjunto de factores positivos e dignos de um merecido registo, no final permanece uma dúvida quase existencial para o espectador na medida em que equaciona até que ponto esta seja uma daquelas longas-metragens que mais tarde irá recordar como um marco dos contos natalícios. É claro que recordaremos o "Grinch" de Carrey assim como a narração pela voz de Anthony Hopkins estará para sempre na nossa memória... Recordaremos o pequeno "Max" e eventualmente todo o semi-esquizofrénico universo destes (sabemos) minúsculos seres mas... ao mesmo tempo... naquele momento em que nos decidimos a ver um conto de Natal na televisão... será esta a nossa opção primeira? Será esta sequer uma opção?
No final, a questão será apenas uma (ou mais)... Apesar da mensagem que How the Grinch Stole Christmas se propõe transmitir... estará aqui presente a verdadeira essência da alma natalícia? Conseguiremos nós espectadores criar empatia, emoção e um qualquer tipo de identificação com esta história demasiadamente acelerada para que nos relacionemos directamente com ela? Que Carrey é eterno, já todos nós o sabemos... no entanto, também o será o seu "Grinch"?
.No final, a questão será apenas uma (ou mais)... Apesar da mensagem que How the Grinch Stole Christmas se propõe transmitir... estará aqui presente a verdadeira essência da alma natalícia? Conseguiremos nós espectadores criar empatia, emoção e um qualquer tipo de identificação com esta história demasiadamente acelerada para que nos relacionemos directamente com ela? Que Carrey é eterno, já todos nós o sabemos... no entanto, também o será o seu "Grinch"?
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