Mask de Catarina Santos (Portugal) é uma das curtas-metragens presentes na secção Região de Leiria do Leiria Film Fest que este ano decorre unicamente numa versão online e que, sob uma perspectiva de animação retrata um dos temas do momento... a igualdade de género.
Ela coloca uma máscara para poder sair de casa. Todas aquelas que têm o mesmo ritual o fazem. Questiona-se a diferença e o conhecimento individual. Catalogam-se as mulheres.
Numa sempre pertinente, e agora mais que nunca, abordagem à igualdade de género, a curta-metragem de Catarina Santos é não só assustadora pela realidade a que aqui dá corpo como principalmente por recorrer a esta arte "animada" para representar um dos flagelos da sociedade moderna que até muito recentemente se pretendeu ignorar.
(Re)vemos um conjunto de mulheres que exibem todo um conjunto de comportamentos que indiciam que a realidade (a sua) não é como todos nós pensamos. Cobrem o seu rosto para poder sair de casa mantendo-se assim pelos transportes públicos como que se fosse necessário a exaltação de uma individualidade de grupo que um qualquer ente supremo ordenasse. Pesadas e medidas, testadas e avaliadas, estas mulheres mais não são do que objectos de laboratório "essenciais" para a manutenção da ordem social imposta e, como tal, desprovidas de quaisquer direitos e regalias como seres iguais perante todos os demais, executando sucessivas tarefas previamente estabelecidas e... mantendo-se no seu pouco natural silêncio que as afasta de qualquer actividade de raciocínio. Mas... poderá esta "ordem" subsistir?!
Tudo aponta para o surgimento da "rebelde"... aquela que deriva da "ideal". Aquela que pensa... aquela que raciocina e sobretudo aquela que questiona a ordem que lhe foi imposta sem o seu aval ou permissão. A sociedade - aquela - pouco preparada para a aceitação da diferença e da igualdade perante seres pensantes independentemente do seu género, tenta o seu silêncio mas cede perante o óbvio... O óbvio ao ser incapaz de manter a diferenciação numa altura em que não só a informação como a imposição pessoal se afirmam como direitos e necessidades de cada um e especialmente das intituladas "minorias" assim apelidadas por aqueles que, detentores do poder, consideram ser a forma mais correcta de perpetuar o silêncio das mesmas mantendo, dessa forma, um espectro social imaculado onde nada - especialmente a ordem - são questionados tal e qual são apresentados.
Pertinente, actual e sobretudo importante, a obra de Catarina Santos não só emana um certo poder revelador como sobretudo tenta, e bem, educar através de um conjunto de imagens que de animadas pouco têm para lá da própria representação do género cinematográfica em que se inserem transformando-se assim num dos mais interessantes e fortes filmes curtos desta competição.
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7 / 10
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