R.A.S. de Lucas Durkheim (França) é uma das curtas-metragens de animação presentes na sétima edição do Leiria Film Fest que este ano apenas decorreu numa versão online devido à actual situação de emergência sanitária provocada pelo COVID-19.
Há vários meses que cinco jovens soldados se encontram numa missão nas montanhas afegãs. Aborrecidos e sem nada para fazer, a sua rotina é subitamente interrompida quando o inesperado acontece.
Num misto que oscila entre o drama e o tradicional filme de guerra, esta animação acaba por primar pela excelência no pensamento filosófico que coloca este conjunto de jovens num cenário atípico para a sua jovem idade, lançando-os nas incertezas de um cenário de conflito a reflectir sobre um passado recente onde, nos seus ambientes naturais normalmente nas grandes urbes ditas ocidentais, viviam e experimentavam as "agruras" de um despertar onde as realidades eram assumidamente diferentes. Do pensamento sobre os estudos, um trabalho ou a eventual constituição de família para a incerteza que a guerra lhes pode conferir e mesmo a possibilidade de uma auto-extinção - por vezes física por vezes psicológica - que lhes garante apenas que nada é garantido.
O deserto que os rodeia... a aridez que lhe é inerente... e até mesmo o meio desprovido de vida são tão certos como a sua realidade. Nada existe - para eles e para o espectador - que possa ser equiparado a uma tão grande incerteza sobre o dia de amanhã. Aliás, é apenas este sentimento de isolamento que a grande dimensão territorial lhes confere que lhes permite pensar que, sozinhos no mundo, nada lhes poderá acontecer... até que todas as certezas, pensamentos e convicções são finalmente abaladas por aquilo que é inevitável no cenário em que se encontram.
No final, e para o espectador, apenas persiste uma única certeza... Nada acontece até acontecer algo trágico. É aqui que se instala o medo, a incerteza e a compreensão de que o mundo que outrora conheceram jamais poderá ser retomado. Não nas mesmas condições. Aqueles que sobreviverão a este trágico e desconhecido local encontrarão uma "casa" diferente daquela que conheceram. Diferente não por uma realidade diferente do espaço mas sim pela forma como eles agora regressam tendo testemunhado toda uma nova realidade e encaram aquilo que fora, noutras tempos, seu. O mundo mudou... mas da forma como pessoalmente cada um agora o encara.
R.A.S. denota todo um certo alinhamento com o existencialismo questionando - personagens e espectadores - sobre o lugar que ocupam no mundo e como a mesma pessoa sob um diferente espaço e contexto pode transformar-se num indivíduo completamente diferente daquele que reconhece em si, para si e para com o mundo que o rodeia. Intenso enquanto filme que aborda um pensamento filosófico, a trágica realidade de um mundo actual e o já mencionado existencialismo, Durkheim apresenta uma das mais intensas e pertinentes (para a actualidade) curtas-metragens que, primeiro pelo seu género e depois pela sua mensagem, cativam o espectador e o seu pensamento para qual o (seu) lugar no mundo colocando-o sob diferentes perspectivas e realidades.
Num misto que oscila entre o drama e o tradicional filme de guerra, esta animação acaba por primar pela excelência no pensamento filosófico que coloca este conjunto de jovens num cenário atípico para a sua jovem idade, lançando-os nas incertezas de um cenário de conflito a reflectir sobre um passado recente onde, nos seus ambientes naturais normalmente nas grandes urbes ditas ocidentais, viviam e experimentavam as "agruras" de um despertar onde as realidades eram assumidamente diferentes. Do pensamento sobre os estudos, um trabalho ou a eventual constituição de família para a incerteza que a guerra lhes pode conferir e mesmo a possibilidade de uma auto-extinção - por vezes física por vezes psicológica - que lhes garante apenas que nada é garantido.
O deserto que os rodeia... a aridez que lhe é inerente... e até mesmo o meio desprovido de vida são tão certos como a sua realidade. Nada existe - para eles e para o espectador - que possa ser equiparado a uma tão grande incerteza sobre o dia de amanhã. Aliás, é apenas este sentimento de isolamento que a grande dimensão territorial lhes confere que lhes permite pensar que, sozinhos no mundo, nada lhes poderá acontecer... até que todas as certezas, pensamentos e convicções são finalmente abaladas por aquilo que é inevitável no cenário em que se encontram.
No final, e para o espectador, apenas persiste uma única certeza... Nada acontece até acontecer algo trágico. É aqui que se instala o medo, a incerteza e a compreensão de que o mundo que outrora conheceram jamais poderá ser retomado. Não nas mesmas condições. Aqueles que sobreviverão a este trágico e desconhecido local encontrarão uma "casa" diferente daquela que conheceram. Diferente não por uma realidade diferente do espaço mas sim pela forma como eles agora regressam tendo testemunhado toda uma nova realidade e encaram aquilo que fora, noutras tempos, seu. O mundo mudou... mas da forma como pessoalmente cada um agora o encara.
R.A.S. denota todo um certo alinhamento com o existencialismo questionando - personagens e espectadores - sobre o lugar que ocupam no mundo e como a mesma pessoa sob um diferente espaço e contexto pode transformar-se num indivíduo completamente diferente daquele que reconhece em si, para si e para com o mundo que o rodeia. Intenso enquanto filme que aborda um pensamento filosófico, a trágica realidade de um mundo actual e o já mencionado existencialismo, Durkheim apresenta uma das mais intensas e pertinentes (para a actualidade) curtas-metragens que, primeiro pelo seu género e depois pela sua mensagem, cativam o espectador e o seu pensamento para qual o (seu) lugar no mundo colocando-o sob diferentes perspectivas e realidades.
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