Soccer Boys de Carlos Guilherme Vogel (Brasil) é uma das curtas-metragens presentes na secção competitiva oficial na área de Documentário que aqui faz uma breve apresentação da primeira equipa de futebol do Rio de Janeiro cujos jogadores são exclusivamente homossexuais.
Numa altura em que o debate sobre a representatividade das minorias nas mais diversas áreas da sociedade está em cima da mesa, esta curta-metragem surge como uma ligeira e introdutória abordagem à questão de sexualidade e da sua expressão em actividades que são, ainda hoje, consideradas tabu como o é, neste caso, o desporto e o futebol mais concretamente.
Quase que "deslocados" do futebol enquanto desporto por um certo sentimento de falta de pertença originado por uma "heteronormatividade" que o mesmo "impõe", este grupo de homens fundou e participa na primeira equipa do "desporto rei", o Bees Cate Soccer Boys, podendo desta forma não só partilhar a paixão pela prática comum de um desporto, consciencializar a sociedade sobre problemáticas relativas à sexualidade e ainda debater esse estabelecido tabu tentando, dessa forma, desmistificar o eterno paradigma de homossexualidade versus futebol.
Com a fundação desta equipa, os membros do Bees Cate Soccer Boys criam, ao mesmo tempo, um esperado sentimento de pertença, de grupo e de inserção que, até então, não haviam sentido noutras actividades ou das quais haviam testemunhado na primeira mão a exclusão ou falta de representatividade. De algo que começou como uma paixão de grupo cedo se transformou numa "liga" de equipas com os mesmos princípios e fundamentos, livre e ausente de estigma ou preconceito possibilitando assim não só a "formação" da comunidade de uma forma geral como principalmente abrindo portas àqueles que sentem uma igual necessidade de se enquadrarem numa sociedade nem sempre fraterna.
Importante enquanto testemunho que quebra o tabu e possibilita o debate em torno do eterno, e já mencionado, paradigma, Soccer Boys assume-se como uma documentário ligeiro mas ao mesmo tempo intenso pela forma como apresenta a sua mensagem e relevante para os dias que hoje vivemos nunca esquecendo um factor humano - e humanizador - que expõe de forma clara questões que (pensamos) não existirem em sociedade.
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