segunda-feira, 3 de setembro de 2012

48 (2010)

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48 de Susana de Sousa Dias é um documentário duplamente premiado na edição de 2010 do Festival Caminhos do Cinema Português em Coimbra e que nos retrata os quarenta e oito anos de ditadura fascista, a mais longa da Europa, pela qual Portugal viveu.
Este documentário tem um factor que se pode considerar inovador ao agarrar nas fotos efectuadas pelos polícias da PIDE à altura das detenções políticas e, aos olhos de hoje serem comentadas por aqueles que foram detidos e fotografados. Através delas vemos as expressões de revolta daqueles que lutaram contra um regime opressor e tirânico que os aprisinou e privou de liberdade sucessivas vezes durante anos.
Se por um lado estes relatos são suficientemente fortes não só pelas histórias pessoais que nos são relatadas como um verdadeiro testemunho do regime e do país de então, também não deixa de ser verdade que a ausência de uma imagem em movimento e especialmente da imagem destes intervenientes nos dias de hoje onde poderíamos através dos seus olhares e expressões reter mais conteúdo das suas palavras, constitui um dos mais fortes aspectos negativos do documentário. Resumidamente, se as suas palavras são suficientes, que são é um facto, também não deixa de ser verdade que o poder da imagem que aqui não existe (há excepção da constante fotografia que nunca nos abandona), poderia ter sido um importante elemento para aproximar a mensagem que estas pessoas querem transmitir de uma forma mais eficaz a nós enquanto espectadores. As expressões de rostos que não vemos perdem-se em momentos de vazio e silêncio em que nada nos é transmitido.
A mensagem, que continua lá é um facto, não chega a todo um público que em diversas ocasiões já se perdeu ou aborreceu com o constante estagnar de momentos em que só vemos... uma fotografia. Assim, este que consegue ser um dos elementos fortes e originais do documentário contribui, a médio prazo, por ser aquele que também muito cansa o espectador.
Dito isto, e para aqueles que conseguirem resistir a pouco mais de hora e meia de desfile de fotografias, é inegável o facto de que é um importante documentário, e documento, sobre um tão negro período da História de Portugal e que deveria ser partilhado por essas escolas de norte a sul e enquadrado de um forma que pudesse chegar a todos sem que, pelo caminho, o considerassem mais um soporífero.
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"A ausência de sinceridade e a presença da hipocrisia era o país em que eu vivia."
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