segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A Bruxa de Arroios (2012)

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A Bruxa de Arroios de Manuel Pureza é a curta-metragem que saiu vencedora da edição deste ano do MOTELx e que conta com a interpretação principal de uma actriz bem querida do público que se chama Rita Blanco.
Quando uma mulher (Blanco) chega a casa, aparentemente de um cansativo dia de trabalho, encontra o seu marido a ler o jornal algo que, aliás, faz constantemente como se a sua vida dependesse disso. Farta dos seus silêncios e da vida entediante que parece levar, ela começa a recolher pequenos objectos do marido... uns fios de cabelo... uns pedaços de unhas... até que resolve fazer uns muito saborosos bolinhos que poderão ser fatais para aquela relação.
Vários são os aspectos que seduzem quase de imediato nesta curta. Em primeiro lugar logo a interpretação principal a cargo dessa grande actriz que é Rita Blanco. Dotada de um carisma muito especial que a coloca num patamar quase intocável, Blanco consegue mesmo nas interpretações mais "sérias" (como aqui se pretende de certa forma), tornar-se numa actriz familiar. É quase impossível não a querer por perto mesmo que ela nos faça, literalmente, explodir a cabeça. Aquela impaciência e vontade de uma qualquer vingança que tão bem consegue retratar através do seu olhar são únicos. Esta interpretação em A Bruxa de Arroios é a Rita Blanco no seu melhor.
É igualmente impossível não realçar todo o ambiente em que a trama se desenvolve. Aquela casa repleta de cor por todos os lugares e com um ambiente que o torna quase num verdadeiro "covil da bruxa", quente e acolhedor, tornam-no no mais insuspeito dos lugares com leves (ou talvez não) parecenças com o típico lar tradicional português. E afinal, com um casal aparentemente tão pitoresco e "normal" que se esconde por detrás de uma igualmente vida normal, quem desconfiaria que se esconde uma bruxa? Até dos bolinhos por ali feitos parece emanar um aroma particular que nos seduz que, no entanto, todos sabemos não ser de comer mas aos quais não poderemos resistir.
Gostei igualmente do detalhe em que os diálogos (?) do marido são retratados pelas pequenas notícias que o jornal anuncia. No fundo, este casal já não comunica. Pelo menos não da forma que a mulher pretende, e é exactamente isso que a tem feito ficar farta do seu marido ao ponto de o querer ver desaparecer de vez do mapa terrestre.
Finalmente, há que dizê-lo, torna-se genial o segmento final no qual onde depois de sermos introduzidos num ambiente tão pitoresco, apesar das suas aparentes tensões, somos levados a um momento perfeitamente gore onde quase as nossas próprias entranhas saltam.
Inovador, bem conseguido e doseando perfeitamente a comédia, o terror e o suspense, esta curta quase foi uma vencedora anunciada desde o primeiro momento. Francamente boa e a todos os que tiverem oportunidade... não a percam.
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8 / 10
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