Rafa de João Salaviza é a mais recente curta-metragem do realizador e que com ela foi o grande vencedor do Urso de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Berlim.
Rafael (Rodrigo Perdigão) é um jovem adolescente de treze anos cuja mãe foi detida por ter conduzido alcoolizada. Sónia (Joana de Verona) é a sua irmã... também ela já mãe. Rafa sai de madrugada da Margem Sul rumo a Lisboa para saber o que se passa com a sua mãe.
Durante esta viagem Rafa, que no fundo não passa de uma criança, movimenta-se pela cidade como se pudesse ele próprio resolver alguma coisa. Informa, pergunta e sobrevive, enfrentando assim numa jovem idade aqueles que poderão ser os problemas e situações pelas quais a sua própria vida irá, um dia, atravessar.
Se há filmes que vive de interpretações que se sobrepõem a tudo o demais, este é um desses. Rodrigo Perdigão consegue literalmente ser a alma de todo o filme. As suas parcas palavras, e sobretudo a sua expressão e a forma como se movimenta através de uma cidade que qualquer um de nós poderá pensar ser grande demais para ele, mostram que apesar da sua jovem idade, há ali talento. Muito talento. Especialmente se considerarmos que ele é realmente todo o filme.
Muito bom argumento também da autoria de Salaviza que reflete sobre a passagem quase natural para a idade adulta e uma direcção de fotografia de Vasco Viana que nos dá um olhar mais cru e distante do que nos rodeia sem, no entanto, nos conseguir distanciar daquela vida a que assistimos revelando assim uma presença constante de uma Hmanidade e perda de inocência que todos os indivíduos têm.
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7 / 10
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