domingo, 20 de novembro de 2016

Brother (2016)

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Brother de André Marques é um documentário em formato de curta-metragem presente na Selecção Oficial da XXIIª edição do Caminhos do Cinema Português que deocrre em Coimbra até ao próximo dia 26 de Novembro.
O mais recente trabalho do realizador de Luminita (2013) e Yulya (2015) leva o espectador a uma viagem pelas ruas de Paris onde num cruzamento de influências artísticas, arquitectónicas e também culturais, o mesmo se depara com o registo de uma multiculturalidade latente e a sua importância e marca não só na passagem do tempo como na transformação do espaço.
A percepção de uma identidade - ou a sua formação enquanto tal - da memória das gentes e do espaço bem como o sentimento de pertença criado pelos mesmos são factores determinantes neste documentário que explora os seus cidadãos enquanto parte integrante de um todo.
Do turismo de massas aos sem-abrigo quase invisíveis numa cidade que corre, dos seus trabalhadores aos reformados que se passeiam pelas ruas, Brother é uma amálgama de espaços, tempos e pessoas que co-habitam num mesmo local sem que, por vezes, percebam que também eles contribuem para a delimitação dos mesmos e das fronteiras externas - a existirem - que se moldam, transformam e caracterizam com a passagem dos anos.
Ainda que a intenção seja nobre e os objectivos não só pertinentes como importantes num presente vivido com incertezas sobre a questão da identidade nacional - afinal... o que é "nacional" quando a diversidade se instala como uma mais valia?! - André Marques deixa mais incertezas sobre o documentário enquanto uma obra cinematográfica - inacabada ?! - que não expõe ou responde a grandes questões mas sim instala as incertezas e as dúvidas não sobre as temáticas anteriormente mencionadas mas sim sobre a intenção com que foram registadas. Depois dos breves quinze minutos deste documentário, o espectador termina com dúvidas sobre os propósitos do mesmo que, a certa altura, parece uma não tão leve exploração da imagem dos habitantes e visitantes daquela que é a mais importante cidade europeia onde tudo e todos passam e se instalam desvirtualizando a ideia do "nativo" e dando lugar a um híbrido fruto (ou potencial resultado) dessa amálgama cultural numa abordagem a uma conclusão que, na prática, permanece mais pela sugestão de quem vê do que pela confirmação de quem filmou.
Se os propósitos desta obra são até de louvar pois desmistificam muito da essência da "pertença" a um determinado espaço, Brother não consegue, no entanto, estabelecer-se como aquele documentário chave para a exploração e desmantelamento de velhos conceitos e nacionalismos que, infelizmente, parecem querer ressurgir nesta velha Europa mantendo-se apenas como um exercício visual cujos propósitos estão ainda por explorar.
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2 / 10
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