terça-feira, 1 de novembro de 2016

Inferno (2016)

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Inferno de Ron Howard é uma longa-metragem norte-americana e o mais recente título cuja personagem principal é Robert Langdon (Tom Hanks) depois de The Da Vinci Code (2006) e Angels & Demons (2009).
Depois de ter ajudado a descendente de Cristo na Terra (2006) e de contribuído para o fim de uma conspiração no Vaticano (2009), Robert Langdon surge aturdido num hospital de Florença onde não recorda os últimos dias da sua vida. Juntamente com a médica que o ajuda a recuperar, Sienna Brooks (Felicity Jones), Langdon vê-se envolvida em mais uma série de peripécias e aventuras pela cidade, por Veneza e Istambul onde tenta resolver mais um enigma que associa o inferno de Dante a uma praga que pelas mãos de Bertrand Zobrist (Ben Foster), um multimilionário com ideias de apocalipse e que poderá dizimar metade da população do planeta.
Numa adaptação de David Koepp de um - mais um - dos romances de Dan Brown cuja premissa se centra essencialmente nos diversos enigmas e conspirações palacianas ocultadas ora por sociedades secretas ora por excêntricos que pretendem lançar a destruição e o caos pelo planeta, Inferno assenta na princípio de que o planeta - e logo a Humanidade - encontram-se à beira de uma destruição anunciada provocada pelo excesso populacional e, como tal, pelos uso indevido e exacerbado dos recursos não renovados que o mesmo produz. Se a Humanidade é, então, um vírus... que melhor forma de curar a "doença" do que exterminá-la de vez?!
Diferenças assinaláveis entre este Inferno e as duas obras anteriormente mencionadas são, óbvias e claras. Ainda que O The Da Vinci Code (2006) tenha as suas falhas e histórias dentro da História que ficaram por contar, ou que Angels & Demons (2009) poderia ter ido a locais muito mais profundos das conspirações palacianas do Vaticano, este Inferno prende-se única e exclusivamente a um conjunto de momentos que têm de ser contadas e filmados a uma rapidez quase alucinante que o espectador ainda está a pensar na dedução imediata e lógica de "Langdon" e este já se encontra noutro ponto do globo à espera de desvendar... mais um mistério. Esta vontade de acelerar uma história que poderia perder-se - num sentido positivo - pelas muitas nuances que a própria História esconde, perde rapidamente o seu interesse - na perspectiva do espectador - por se centrar num ritmo típico de filme de acção sem aprofundar nem esses detalhes nem tão pouco as personagens que, também elas, se perdem numa versão com ecstasy de um filme que se esperaria dinâmico mas sim pelos apontamentos mais ou menos ficcionados de alguém que resolveu penetrar nos corredores da História e na mente de um escritor brilhante como o fora Dante.
Códigos e Papas à parte, Itália parece estar sempre no centro dos contos de Dan Brown que, verdade seja dita, é enquanto "sede" de um Vaticano agora independente, receptáculo de muitos mistérios que os domínios da Igreja resolveram abafar. Em Inferno - aquele descrito ou aquele que hoje vivemos -, estes mistérios voltam a ver a luz do dia e adaptados a uma realidade do século XXI, o espectador percebe que as manias dos maníacos actuais conseguem suplantar aquelas imaginadas ou recriadas pela mente mais ou menos atormentada de génios que se perderam nos seus delírios... amorosos, sentimentais ou simplesmente lunáticos... recriando à luz deste novo milénio ideias perdidas então e que hoje, pela força do avanço tecnológico, podem (poderiam) dizimar com mais eficácia e maior descontrolo, a desumanidade da Humanidade e o terror recriado nas ruas de um planeta pequeno fruto da aldeia global. Se a premissa é interessante... a execução deixa a desejar e mais não ser do que um interessante contributo para alguns paraísos turísticos como o são as cidades italianas mencionadas ou Istambul, aquela que é a porta de ligação entre Oriente e Ocidente, cruzando mundos, religiões e culturas ou, por sua vez, um capricho direccional de um Ron Howard que tenta desesperadamente encontrar o ânimo perdido há algum tempo, e nem mesmo a inserção de Felicity Jones numa interpretação atípica à sua carreira parece dar ânimo a uma história que se esbate e apenas consegue captar alguma atenção por ser o "capítulo seguinte" de obras que foram melhor conseguidas e executadas estando, no entanto, sem o mesmo fôlego que uma Audrey Tautou ou Ayelet Zurer.
A lição histórica - ou pelo menos aquilo que dela aparenta sobreviver - ou até mesmo a reconstituição animada daquilo que poderia ser o metafórico "dar lugar" ao Inferno de Dante na Terra do século XXI são, sem margens para dúvidas, os momentos mais interessantes de uma obra que se perde na sempre intensa "correria" de filme de acção e que, em boa medida, não deixa brilhar nem os apontamentos turísticos nem tão pouco as interpretações que parecem ter sido dirigidas ao ritmo de cinco minutos de cada vez. Insípidas, ásperas e até mesmo sem "sabor", Nem Jones nem tão pouco Tom Hanks se encontram ao nível de outros tempos parecendo apenas o fantasma desgastado de outros - e melhores - dias, ou Omar Sy que apenas se remete para o "comme ci comme ça", ou até Ben Foster, que apenas dá um ar de sua graça, consegue aproximar-se do vilão psicopata que se espera da sua personagem.
Com pouco de positivo a dizer para lá da óbvia referência ou apontamento para os fãs do género que podem apreciar ver mais um capítulo do "professor Langdon" no cinema, Inferno prometia - pelo seu trailer - muito mais do que aquilo que acabou por ser... Ou, por palavras de "Zobrist"... "há um botão... se o clicarmos metade da população morre... se não, a população estará extinta em cem anos..."... se as aplicarmos a este filme... certamente estaria melhor se tivesse terminado antes de começar. Ou sendo mais simpático... poderia ter "saído" algo muito melhor... e mais dignificante para aquela que é agora uma trilogia.
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"Robert Langdon: The greatest sins in human history were committed in the name of love."
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6 / 10
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