Sendas de Raquel Felgueiras é uma curta-metragem portuguesa de animação e uma das que fez parte da Selecção Oficial da XXIIª edição dos Caminhos do Cinema Português que hoje termina em Coimbra.
Como sobreviver a um acontecimento traumático? Como sobreviver-lhe quando vivido por duas pessoas simultaneamente? E, no final, como encará-lo num futuro próximo distanciando ambas vivências e delimitando um caminho alternativo?
Num registo de animação - tão rica que é no panorama cinematográfico português -, a realizadora Raquel Felgueiras apresenta uma história que, pela sua simplicidade, chega ao espectador com a importante mensagem sobre a forma como elementos com um mesmo passado e um percurso de vida semelhante - dentro das suas diferenças - consegue expiar um passado traumático libertando-se, ou não, das pesadas consequências e que o(s) marcaram e que, de uma ou outra forma, os moldaram a uma vida porvir.
Em breves minutos, o espectador acompanha percursos distintos, modelados pela dita "estrada da vida" que danificou e ajudou a superar um momento transformador e a forma como o mesmo marcou vidas distintas. Numa narrativa que não julga ou condena, a realizadora apresenta sim um relato sobre como o destino pode estar marcado, mas o percurso "lá" chegar pode sempre ser o resultado de um conjunto de escolhas e oportunidades que ou são provocadas, acontecem... ou são proporcionadas.
Interessante, inteligente e sobretudo simples na sua pretensão em fazer chegar uma mensagem, Sendas afirma-se para lá da obra cinematográfica que é mas sim num estudo exímio sobre a recuperação (da alma) que apenas peca pela sua curtíssima duração.
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6 / 10
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