segunda-feira, 4 de junho de 2018

Phoenix 9 (2014)

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Phoenix 9 de Amir Reichart (Alemanha/EUA) é uma curta-metragem onde o tema central volta a ser o pós-apocalipse onde, após um conflito nuclear de proporções devastadoras que destrói o planeta Terra, um grupo de sobreviventes encontram um pequeno santuário que lhes proporciona um novo começo. Mas, nem todas as boas intenções chegam sem uma contrapartida...
Seguindo uma já longa tradição de filmes em que a linha condutora da história é a iminente - ou já consumada - destruição do planeta, o argumento de Phoenix 9 pelas mãos de Peer Gopfrich surpreende não pela temática em si que, na prática, já é bem conhecida de todos nós, mas sim pela capacidade que tem de suscitar curiosidade nos pequenos e não explorados detalhes que povoam toda a sua dinâmica. Começando logo pelo princípio, esta história apresenta uma aparente convulsão civil que insere o espectador naquela dinâmica de "fim dos tempos" onde todos parecem querem fazer valer uma vontade que, na realidade, lhes escapa do seu controle. Como em todas as dinâmicas do género, quem tem poder económico escapa, quem não tem... arca com as temidas consequências aqui sob a forma de um holocausto nuclear. É no âmago destas convulsões civis que o mundo, tal como o conhecemos, termina e no qual os escassos sobreviventes que continuam a povoar a Terra caminho rumo a um destino sem nome onde, talvez, possam encontrar o seu esperado santuário. Se nesses mesmos segmentos iniciais é dada a informação ao espectador que o mesmo existe de facto, a porta nunca fecha a uma conclusão óbvia que o faça adivinhar quando e onde é. É esta incerteza que permanece na mente do espectador que, desconhecendo a sua resposta, se mantém curioso e fiel àquilo que está porvir.
Na continuidade destas saudáveis incertezas, é ainda apresentado ao espectador um espaço onde este se pode refugiar das aparentes intempéries que assolam o planeta mas, ao mesmo tempo, todos parecem esconder-se de "algo mais" que os persegue com as mesmas nunca revelando os porquês de tantos aparentes receios que trazem os (julgamos) esperados tornados com forças mais destruidoras do que qualquer um que alguma vez tenham conhecido. Aqui, e como todo o bom filme que se preze de digno representante do género, Phoenix 9 apresenta aquilo que todos nós esperamos... encontrar um pouco de esperança num pequeno aglomerado populacional que espera a sua salvação e claro... o eterno membro do grupo de revela toda a sua mágoa, desespero e frustração por perceber que nada melhor que aquilo existirá... mas, no entanto... e se existir?
É neste momento que, finalmente, se levanta a questão essencial... e se este grupo unido e sobrevivente perante a catástrofe desconhecida, se vir confrontado com a possibilidade de salvação mas... apenas para um deles? Quem poderá garantir a continuidade da espécie humana e quem irá ceder à fraqueza de ambicionar esse mesmo "lugar" eliminando os demais? Resistirá o com mais recursos intelectuais? Aquele que detém conhecimentos informáticos? Algum dos casais aparentemente formados e que podem garantir as futuras gerações? Ou o elemento conciliador que, entre todos, consegue manter a paz e a estabilidade? Todas estas questões - sem resposta - aguçam o interesse deste trabalho e da dinâmica criada para com o espectador constituindo-se, no fundo, como o elemento mais forte e aliciante desta obra mas, ao mesmo tempo, também se assume como o seu mais frágil na medida em que todas estas questões poderiam encontrar uma potencial resposta e criar toda uma nova esperança (ou falta dela) nos destinos da aparente Humanidade. Se é verdade que nem todas as respostas são necessariamente desejadas para a construção da dinâmica de uma história, não deixa de ser verdade que, por vezes, são elas que contribuem para o esclarecimento daquilo que vem "depois" para essa mesma Humanidade até então - julgamos - perdida.
Phoenix 9 é assim uma curta-metragem oscilante na criação de uma empatia com o espectador na medida em que levanta questões pertinente sobre a sobrevivência e o pós conflito devastador da Terra e da sua população mas, ao mesmo tempo, incapaz de fechar todos esses pequenos subterfúgios que levam o espectador por caminhos que não serão explorados e, como tal, manter todo um conjunto de incertezas nunca resolvidas. Dinâmica e forte na recriação do tempo e do espaço bem como surpreendente pelo seu inesperado e irónico desfecho, Phoenix 9 tem tudo para ser algo mais do que uma curta-metragem incapaz de esclarecer o espectador sobre todos estes pequenos grandes inuendos que a sua narrativa abre não deixando, ainda assim, de cativar pela sua construção.
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6 / 10
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