
Waltzing Tilda de Jonathan Wilhelmsson (Austrália) é uma curta-metragem de ficção centrado num universo pós-apocalíptico onde toda a Humanidade desapareceu... à excepção de Tilda (Holly Fraser), uma jovem aparentemente rebelde que está saturada de tudo e todos à sua volta reagindo com apatia aos pequenos momentos do seu dia-a-dia. Até ao dia seguinte, em que acorda e percebe que está sozinha no mundo.
Esta curiosa incursão no género é, ao mesmo tempo, uma inovação no mesmo uma vez que aqui o tal "fim do mundo" não se deve, pelo menos aparentemente, a um qualquer cataclismo no mundo que desse lugar a um extermínio da população tal como a conhecemos. Nada ruiu, pelo menos não até à intervenção da jovem "Tilda", não há quaisquer sinais de destruição ou devastação e não existem mortos-vivos a percorrer as ruas de Sydney. Nada. Nada existe de vida - humana ou animal - à excepção da jovem e do seu companheiro coelho que assume uma personalidade própria e com o qual são estabelecidos alguns diálogos mais ou menos "reais". Num universo onde todos desapareceram e não existem nem regras nem leis ou "adultos" capazes de impôr limites, o que esperar de uma jovem que agora tem toda uma cidade às suas mãos? Comportamentos inerentes a uma súbita liberdade que faz ruir a cidade ao sabor dos limites do seu humor que, assumidamente, são poucos neste momento.
Com esta imagem em mente, o que Waltzing Tilda - numa clara referência à cultura tradicional australiana - oferece ao espectador não é tanto uma reflexão sobre o fim dos tempos mas sim uma sobre a mente de um jovem que tenta sobreviver ao fim abstraindo-se do mesmo e dando corpo aos seus desejos de jovem adolescente que faz tudo aquilo que em circunstâncias normais, com o medo da reprovação, não fariam. Mas, como em tudo na vida, os bons momentos não duram para sempre e a nostalgia daquilo que "foi" (mesmo com todos os dramas existenciais de uma sociedade moderna) surgem de novo na mente da nossa protagonista, todos os momentos menos bons tidos outrora parecem cenários paradisíacos nesta sua nova realidade onde, afinal, toda a solidão não compensa pois não existe ninguém a quem recorrer e onde os sons do passado parecem ser raios de esperança então tratados com indiferença. Os limites do "agora" face à falta deles nesse passado cada vez mais distante assumem-se como mais desesperantes do que toda a falta de valores, de moral ou de empatia que caracterizavam a sociedade em que ela vivia e que, no fundo, caracterizam toda a contemporaneidade tal como a conhecemos.
Uma nota positiva a esta curta-metragem e ao seu realizador e argumentista que consegue dirigir um filme coerente não só para o género mas enquanto um filme que aborda o fim em diversos parâmetros, da perda pessoal à emocional, do fim da sociedade e da comunidade, da solidão per si como aquela sentida quando todo o mundo "nos" rodeia sem esquecer a compreensão de que tudo pode transformar-se em pior do que o suposto "mau" que temos à nossa frente. Nem sempre a solidão existe quando pensamos que a vivemos. Esta pode manifestar-se de uma forma mais presente e esmagadora mesmo que, a seu tempo, se queira revelar como um bem que chega disfarçado de uma solução para todos os males deixando, ao mesmo tempo, uma vontade em perceber o que poderia estar para lá deste fim pela cidade de Sydney - usada como uma homenagem à mesma -, ainda que o seu término seja revelador de uma que uma continuação não seria possível. Para um filme académico filmado em dez dias o resultado não poderia ter sido melhor.
Esta curiosa incursão no género é, ao mesmo tempo, uma inovação no mesmo uma vez que aqui o tal "fim do mundo" não se deve, pelo menos aparentemente, a um qualquer cataclismo no mundo que desse lugar a um extermínio da população tal como a conhecemos. Nada ruiu, pelo menos não até à intervenção da jovem "Tilda", não há quaisquer sinais de destruição ou devastação e não existem mortos-vivos a percorrer as ruas de Sydney. Nada. Nada existe de vida - humana ou animal - à excepção da jovem e do seu companheiro coelho que assume uma personalidade própria e com o qual são estabelecidos alguns diálogos mais ou menos "reais". Num universo onde todos desapareceram e não existem nem regras nem leis ou "adultos" capazes de impôr limites, o que esperar de uma jovem que agora tem toda uma cidade às suas mãos? Comportamentos inerentes a uma súbita liberdade que faz ruir a cidade ao sabor dos limites do seu humor que, assumidamente, são poucos neste momento.
Com esta imagem em mente, o que Waltzing Tilda - numa clara referência à cultura tradicional australiana - oferece ao espectador não é tanto uma reflexão sobre o fim dos tempos mas sim uma sobre a mente de um jovem que tenta sobreviver ao fim abstraindo-se do mesmo e dando corpo aos seus desejos de jovem adolescente que faz tudo aquilo que em circunstâncias normais, com o medo da reprovação, não fariam. Mas, como em tudo na vida, os bons momentos não duram para sempre e a nostalgia daquilo que "foi" (mesmo com todos os dramas existenciais de uma sociedade moderna) surgem de novo na mente da nossa protagonista, todos os momentos menos bons tidos outrora parecem cenários paradisíacos nesta sua nova realidade onde, afinal, toda a solidão não compensa pois não existe ninguém a quem recorrer e onde os sons do passado parecem ser raios de esperança então tratados com indiferença. Os limites do "agora" face à falta deles nesse passado cada vez mais distante assumem-se como mais desesperantes do que toda a falta de valores, de moral ou de empatia que caracterizavam a sociedade em que ela vivia e que, no fundo, caracterizam toda a contemporaneidade tal como a conhecemos.
Uma nota positiva a esta curta-metragem e ao seu realizador e argumentista que consegue dirigir um filme coerente não só para o género mas enquanto um filme que aborda o fim em diversos parâmetros, da perda pessoal à emocional, do fim da sociedade e da comunidade, da solidão per si como aquela sentida quando todo o mundo "nos" rodeia sem esquecer a compreensão de que tudo pode transformar-se em pior do que o suposto "mau" que temos à nossa frente. Nem sempre a solidão existe quando pensamos que a vivemos. Esta pode manifestar-se de uma forma mais presente e esmagadora mesmo que, a seu tempo, se queira revelar como um bem que chega disfarçado de uma solução para todos os males deixando, ao mesmo tempo, uma vontade em perceber o que poderia estar para lá deste fim pela cidade de Sydney - usada como uma homenagem à mesma -, ainda que o seu término seja revelador de uma que uma continuação não seria possível. Para um filme académico filmado em dez dias o resultado não poderia ter sido melhor.
6 / 10
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