terça-feira, 5 de junho de 2018

Fields (2017)

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Fields de Joshua Borchardt (Alemanha) transporta o espectador para um cenário onde a sobrevivência é o mote dominante de todo o argumento. Ele (Daniel Brach) percorre uma floresta sobrevivendo com os poucos recursos que tem. Alguém que o persegue e a fuga é inevitável. Conseguirá ele escapar a um inimigo que não conhece ou cair-lhe-à involuntariamente nas suas garras?!
Borchardt em colaboração com Alexander Lobinski, Simon Redel e Sophia Venus dão corpo ao argumento de uma curta-metragem que levam o espectador a um universo desolado mas que se desconhece a causa desta inesperada e urgente necessidade de sobreviver a algo. Desconhecendo se estamos perante um cenário posterior a uma ruína da sociedade, à inesperada formação de milícias armadas que dêem corpo à "actual" necessidade de segurança ou mesmo a uma sociedade que caiu nas mãos de um qualquer sistema anarca que instala a ordem pela desordem, Fields apenas garante ao seu público uma única coisa... a certeza de que este mundo é o resultado de uma qualquer falha da sociedade como a conhecemos.
A floresta é uma inesperada mas central personagem onde tudo ganha forma, e onde a existência de uma comunidade - ou aquilo que dela resta - se reúne e vive. O seu exterior é desconhecido e tudo o que está para lá daquelas árvores é, para o espectador, algo nunca explorado e, como tal, inexistente. É apenas a reunião do nosso sobrevivente com uma outra personagem também perdida - pensamos - que poderá conferir alguns indícios de que existe mais para lá daquela floresta onde reina o caos. Estará ele a dizer a verdade ou apenas a garantir uma confiança que, de outra forma, nunca iria chegar!
Numa constante incerteza sobre as origens desta sociedade ou mesmo sobre os destinos ou propósitos destas personagens para lá de uma necessidade de viver e matar - por vezes sem objectivos aparentemente definidos para lá de uma caçada florestal -, o único detalhe extra que esta curta-metragem nos fornece é a de existir sim um grupo que se identifica com uma enigmática braçadeira (com indícios de comunidade pacífica que recorre à violência para sobreviver) mas que, ao mesmo tempo, não conferem ao espectador detalhes sobre a sua missão naquele espaço que lentamente se transforma num The Hunger Games em formato curto.
Assim, e denotando o potencial de ir mais além caso a duração da curta-metragem fosse mais extensa ou a eliminação dos tempos mortos uma realidade, Fields confere ao espectador a noção de que o trabalho - para uma suposta obra amadora - está competente e bem conseguido mas na qual é também perceptível estar (o espectador) perante um filme curto com capacidade de ir mais além e explorar os porquês de caçados e caçadores num mundo que está longe de revelar uma qualquer noção de segurança como a conhecemos nos moldes da sociedade em que vivemos presentemente.
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6 / 10
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