domingo, 3 de junho de 2018

Love, Simon (2018)

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Com Amor, Simon de Greg Berlanti (EUA) é uma longa-metragem e possivelmente uma das primeiras comédias românticas de Verão a estrear, apresentando a história de Simon (Nick Robinson), um jovem adolescente que vê a sua homossexualidade exposta perante todos os seus colegas e amigos depois de uma breve relação online com outro colega da escola que desconhece.
Num momento determinante do seu desenvolvimento, Simon terá não só de se assumir perante a sua família e amigos como principalmente perante si próprio. Irá ele encontrar o amor verdadeiro?
Baseado no romance de Becky Albertalli, Elizabeth Berger e Isaac Aptaker escrevem o argumento de Love, Simon, uma comédia romântica que tem tudo de tradicional... menos o par protagonista. Ao contrário de todas as comédias adolescentes que estreiam nas salas de cinema onde os protagonistas são um casal do sexo oposto, esta longa-metragem não só prima pela diferença em apresentar no seu centro um jovem adolescente homossexual como principalmente privá-lo de um par... "Simon" é assim, o protagonista de uma história onde tudo o que o espectador vê se centra nos seus sentimentos, na sua descoberta, nos seus momentos e principalmente na sua evolução sentimental onde primeiro se compreende, depois se aceita e finalmente se assume ao mundo ao seu redor enquanto, pelo caminho, espera encontrar aquilo que possivelmente todos procuram... um verdadeiro amor (seja lá isso o que fôr em tão jovem idade).
Num mundo em constante mutação e no qual a aldeia global tudo e todos aproxima, a relação (ou potencial) que aqui se desenvolve inicia-se através de tantas nestes dias... online. Apenas chega um computador com ligação à "rede", para que tudo seja possível e aconteça. Mas, ao mesmo tempo que se esperam os efeitos positivos, é também uma realidade que tudo o que é de mau pode entrar pela porta... Mas, afastando os riscos da "rede" neste momento, concentre-se o espectador no potencial desta história que prima, de facto, pela diferença.
Longe de qualquer gratuitidade dos contos românticos e adolescentes de Verão, Love, Simon apresenta a história de um jovem que sente ter vivido tempo demais longe da sua própria felicidade onde, por medo ou por desconhecimento de outra pessoa como ele, escondeu os seus verdadeiros sentimentos e sexualidade, respondendo apenas aos lugares comuns de todos os demais que, contrariamente a ele, encontram a "naturalidade" dos afectos no sexo oposto. Num momento em que o mundo atravessa todas estas pequenas convulsões sociais onde os afectos e o direito à sexualidade são também um Direito Humano, Love, Simon surge então como a normal resposta às evidências... o amor, independentemente do género, é natural e acima de tudo... um Direito. Ainda que alguns momentos em que esta longa-metragem pareça querer exibir uma certa missão de ensinamento versus aprendizagem, Love, Simon consegue ao mesmo tempo criar o clima romântico esperado para uma história do género e ainda mostrar às mentes mais centradas num qualquer passado que independentemente da sexualidade, esta história contém o principal... todos têm o direito de amar.
Missão de aprendizagem à parte o que resta a Love, Simon? Uma história de amor, de descoberta, de aceitação, de ultrapassagem de obstáculos, de compreensão e sobretudo do poder da amizade e da união numa família que apenas deseja viver numa harmonia que sentida fragilizada apenas a quer ver reforçada pela compreensão de que naquele espaço tudo o que revela a positividade e garantia de amor é respeitado e bem-vindo. Love, Simon concentra-se ainda na história de amizade entre aqueles que sempre o foram (amigos), bem como na reacção em que estes reagem à descoberta de um segredo - até então - inconfessado. Poderão aqueles com quem partilhámos todos os momentos da vida aceitar e perceber que "Simon" é o mesmo de sempre apenas com um aspecto da sua vida agora assumido ou ver nele uma pessoa totalmente diferente, que desconhecem e com quem não querem voltar a conviver?
Expostos todos os argumentos narrativos desta história, Love, Simon é então a típica história sobre os últimos momentos da vida de um adolescente que encontra a sua vida dita "normal" (até então) ameaçada pelo bullying de um dos seus pares mas que, ao mesmo tempo, revela ter todo um potencial para continuar a acreditar na possibilidade do amor, em esperá-lo até, e manter não só o seu lugar junto dos seus amigos bem como - e principalmente - de uma família que ama... e que o ama.
Nick Robinson é extremamente convincente como o protagonista desta história assumindo-se capaz de espelhar todo um conjunto de emoções, surpresas, receios e alegrias típicas de um jovem da sua idade sem nunca perder o sonho, a ilusão, o desejo e a vontade de experimentar a sua sexualidade como algo normal - como o é - livre de preconceitos e medos que apenas fazem parte de um momento negro de um passado que, embora não distante, está ultrapassado. Com um elenco secundário coeso que passa não só pelos jovens actores que interpretam os seus amigos (e até o chantageador) sem esquecer aqueles que compõem a sua família - brilhantes e simples interpretações de Josh Duhamel (pai) e Jennifer Garner (mãe) capazes de criar todo um conjunto de emotividade e sofrimento por um filho que querem ver bem (mantenho a minha opinião sobre todo o potencial dramático de uma emotiva e belíssima Garner) -, Love, Simon é, tal como o seu nome indica, uma belíssima, pertinente e actual história de auto-descoberta e amor essencial para o grande ecrã e para o grande público capaz de se deixar prender por uma dos mais nobres sentimentos de sempre... o amor... onde residem as primeiras paixões, as primeiras expressões do mesmo e a compreensão de que o mundo pode ser vivido a dois... e livre de preconceitos.
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"Simon: I deserve a great love story."
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7 / 10
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