Deixa-me Entrar de Tomas Alfredson é mais uma agradável surpresa vinda da Suécia. Uma história de amor e amizade entre duas crianças (bom uma delas já não o é assim tanto...), com a inovação de uma delas ser uma vampira e a outra humana.
Começo por referir o brilhante trabalho em termos de cinematografia que este filme tem e que é da autoria de Hoyte Van Hoytema. Ao longo do filme temos poucas cores mantendo quase todo o cenário a branco, preto e creme. Tudo gira à volta destas tonalidades sendo que no entanto é um filme repleto de luz onde presenciamos tudo com franca clareza e expressão. Gostei deste aspecto no filme e tenho franca pena que nas recentes nomeações aos European Film Awards não tenha havido uma nomeação nesta categoria para este filme, tendo apenas sido nomeado nas categorias de Banda-Sonora para Johan Söderqvist, Filme e ao Prémio do Público.
Quanto ao filme em si além de ser uma história pesada (não de terror) contada a um ritmo demasiado lento, trata de assuntos tão diferentes como a solidão. A de Eli que atravessa anos e anos sem ninguém em quem confiar como a de Oskar sem amigos e vítima da pressão e de maus tratos de alguns colegas na escola. Trata igualmente sobre a lealdade. A que existe entre amigos. O que um está disposto a fazer pelo outro. Isto fica provado logo de início quando Eli vai a casa de Oskar e este a convida a entrar. O mal só entra depois de convidado. Será que ela é de facto o "mal" ou será apenas uma amiga ?
Não vejo este filme como uma história de terror. Nem de suspense tão pouco. Vejo-o sim como uma simples história de amizade e de cumplicidade entre duas pessoas que apesar das suas diferenças decidem que podem ser amigas. Diferenças essas que à primeira vista não são em nada evidentes mas que existem. Estão lá bem enraízadas mas que apenas os dois sabem quais são.
Trata-se acima de tudo de uma história que prova que a cumplicidade e a amizade entre as pessoas é possível se decidirmos não olhar, ou pelo menos não dar muita importância, às diferenças que nos podem colocar distantes uns dos outros.
É este simples aspecto que torna este filme tão diferente de uma qualquer história sobre vampiros e sobre como os humanos têm de lhes escapar. É uma história que nos ensina (ou deveria) como aceitar as diferenças e a diversidade que compõe os outros de forma a todos poderem co-existir.
Gostei deste filme por estes aspectos e pela diferença que marca ao situar-se a anos luz de outros filmes sobre vampiros que por aí andam e de conteúdo pouco, ou nada, têm.
Não fosse o Slumdog Millionaire e este poderia ser o claro vencedor do Prémio do Público nos European Film Awards dada a significativa relevância e simpatia que gerou junto do público europeu, e não só.
7 / 10
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