Autocarro 174 de Bruno Barreto é à semelhança de outros filmes brasileiros deste género uma interessante surpresa especialmente porque pouco conheço do cinema do Brasil além do tão falado Cidade de Deus.
Gostei especialmente deste filme pois além de dar a ideia que a maioria dos actores não são profissionais sendo que no entanto conseguem representar com uma naturalidade inata e com muita credibilidade. Destaco claro os dois principais do filme, os dois Ale(sandro)'s que são Marcello Melo Junior e Michel Gomes. Tanto um como o outro dão excelentes desempenhos neste filme e conseguem retratar não só as suas inexistentes expectativas dentro da sociedade brasileira que marginaliza de forma radical alguns dos seus que são atirados para as malhas da droga e dos roubos sendo por isso controlados por mafias locais nas favelas e, ao mesmo tempo, consegue-se ver nas suas expressões uma vontade de que "algo" pudesse ter sido melhor e que não os tivesse levado ali. Temos isto no olhar de Michel Gomes ao longo de quase todo o filme, até ao célebre momento do Autocarro 174 e temos o mesmo com Marcello Melo Junior nos momentos exactos a seguir ao dito sequestro do autocarro. Aquilo que terminava assim para um dava uma hipótese de redenção ao outro.
Temos um pouco de toda a decadência que é esperada num filme destes... A droga, a prostituíção, os assaltos, a marginalidade e a morte. Temos também o vislumbrar das poucas oportunidades que poderiam ter sido aproveitadas ao longo da vida, mas que na realidade nunca o chegam a ser. Temos a queda... temos a ilusão... temos a redenção.
Bruno Barreto que sei ser um reputado realizador brasileiro mas de quem só conheço o trabalho de nome dirige aqui um fabuloso filme que foi a aposta do Brasil aos Oscar e que infelizmente se ficou pelo caminho, mas que mereceria ter sido melhor reconhecido pois é de facto um brilhante filme que teve vida a partir do extraordinário argumento elaborado por Bráulio Mantovani e também com uma de superior qualidade banda-sonora (admito que das melhores que ouvi nos últimos tempos) composta por Marcelo Zarvos.
Este é sem dúvida um filme a ver. Não se se melhor que o Cidade de Deus, mas certamente não será pior e a história é por demais cativante para ser um daqueles filmes que nos passa ao lado.
10 / 10
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