sexta-feira, 16 de abril de 2010

Cactus Flower (1969)

A Flor do Cacto de Gene Saks era um daqueles filmes que até o conseguir ver sempre morri de curiosidade por ele. Mais que não fosse pelo seu elenco principal, este filme era daqueles que me despertava a vontade de saber sobre o que era e como era. Ora vejamos... Ingrid Bergman, Walter Matthau e Goldie Hawn compunham o trio principal de actores, e esta última vencedora do Oscar de Melhor Actriz Secundária pela sua prestação.
O enredo gira à volta de Julius (Matthau) que resume a sua vida ao seu trabalho como dentista e aos sucessivos arranjinhos que tem com toda a mulher que lhe aparece à frente até se deixar prender por Toni (Hawn). Pelo meio tem o incondicional apoio da sua enfermeira/Assistente Stephanie (Bergman) que se dedica de corpo e alma ao seu trabalho. Ora para se aproximar ora para se afastar de Toni, Julius recorre sempre à mentira e envolve a sua assistente Stephanie para os seus caprichos amorosos, sem se aperceber que esta última gosta na verdade de si.
Aquilo que temos então deste filme é um sem fim de aventuras e mal-entendidos que se durante a primeira meia-hora de filme se tornam por vezes complicados de digerir mas que, todo o final do filme consegue ser hilariante e rico demais para passar ao lado.
As interpretações são notáveis é um facto mas de entre elas há que destacar uma como sendo a mais carismática do filme. Por um lado é certo que temos Walter Matthau que todos conhecemos com a sua importante e sólida raíz de comédia. Por outro temos Goldie Hawn que teve com esta interpretação a sua grande revelação ao mundo e pelo qual foi premiado com o Oscar e Globo de Ouro. No entanto é, a meu ver, indiscutível referir a participação de Ingrid Bergman como a maior entre todos. Porquê? Ora vejamos... Não só anos e anos depois da sua participação mítica em Casablanca e de ter já na altura em que este filme foi feito dois Oscars de Melhor Actriz no bolso, entre umas quantas outras nomeações, e deparamos com a mesma sobriedade e altivez na construção da sua personagem como sempre nos habituou a ver em tantos outros filmes. O seu sotaque sempre presente também ajudou, é um facto, à construção dessa mesma superioridade que se torna obviamente irresistível. E se isto tudo não bastasse ainda tinhamos a sequência, quase no final do filme, em que vai sair à noite, pelo que nos dá a entender ao longo do filme a primeira vez em muitos e muitos anos, e verdade seja dita que no momento da dança bate todos aos pontos.
Ao ver o filme, e tendo em mente esta sequência da dança e claro, na actriz que é, o pensamento que se apoderou da minha mente foi logo "o que terá pensado toda aquela gente ali a ver uma lenda viva do cinema a dançar algo moderno, à altura, com uma disponibilidade, entrega e à vontade como se fosse algo perfeitamente normal?". A resposta a isto encontrava-se exactamente no meu pensamento. Estava ali uma lenda. Uma lenda viva.
Assim é seguro dizer que se este trio de actores consegue tornar este pequeno num grande filme é também certo que é Ingrid Bergman que o domina e o toma pela mão com toda a sua força e presença destacando-se entre todos como o melhor desempenho de todo ele. Mais que não seja pelo seu vigor este filme merece sem dúvida ser visto e apreciado.

"Stephanie: Funny how whenever people hurt your feelings, they're always doing it for your own good."

7 / 10

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