John Carter de Andrew Stanton foi um dos filmes muito falados do primeiro semestre do ano, e que nos conta a história da personagem que dá título ao filme (interpretado por Taylor Kitsch), que nos finais do século XIX tentava levar uma vida normal após a sua participação na Guerra Civil Americana.
Após recusar voltar ao Exército e de ser detido, Carter foge da prisão sendo subsequentemente perseguido e encontra refúgio numa gruta onde encontra um misterioso medalhão que, quando tocado, o transporta para um local desconhecido onde não só desenvolve estranhas e habilidosas capacidades como também percebe partilhar o espaço com um variado conjunto de diferentes habitantes.
É também neste planeta que Carter vai encontrar Dejah Thoris (Lynn Collins), uma princesa por quem irá eventualmente apaixonar-se, impedindo-a assim de celebrar um casamento indesejado mas que irá, supostamente, salvar a sua cidade-estado da destruição.
A expectativa que eu tinha relativamente a este filme era muita, em parte por ter visto um interessante trailer e um conjunto de críticas e comentários que o transformavam num aliciante filme de aventuras passado noutro planeta e com aquilo que eu pensava ser um grupo de personagens com algum conteúdo para ser explorado. No entanto, se os instantes iniciais deste filme conseguem despertar a atenção de qualquer fã do género, não deixa de ser menos verdade que a meio gás este filme se transforma numa experiência mais "dolorosa" do que propriamente refrescante.
Se por um lado os cenários e a fotografia de Daniel Mindel dão a todo o filme uma atmosfera desafiante, austera e que nos coloca realmente num mundo alternativo e diferente de tudo o que conhecemos mais não seja pela sua aparente desolação, é também verdade que em muitos momentos parece que estamos a ser enrolados para uma história que aparentemente não tem fim mas que está a ser terminada a "correr". O fim não é necessariamente desapropriado mas parece ter sido elaborado à pressão para dar um qualquer desfecho à respectiva acção. Ajudaria pensar que existem mais uns quantos filmes que lhe dão continuidade desenvolvendo assim um pouco mais o "carácter" destas personagens, mas a verdade é que dessas histórias não há qualquer notícia tornando este filme num série de momentos que se sucedem a uma velocidade alucinante sem que, no entanto, exista uma relação saudável entre elas para que tudo decorra a um ritmo que consiga fazer total sentido.
Ponto positivo, de realçar, é o facto de ser explorado (e bem) não só este universo alternativo que durante o filme descobrimos ser em Marte (já sabíamos mas...) bem como todo o enorme potencial a nível de personagens que aqui parecem florescer.
Dotado de um conjunto de efeitos especiais bem elaborados mas que, também eles, poderiam ter ido ainda mais longe e dinamizado muito mais o ambiente em que nos encontramos, e com movimentados momentos de acção, este filme acaba por ser apenas isto... um interessante filme de acção e ficção científica que àparte de um interessante grupo de excêntricas personagens marcianas, mas que não constribui muito mais para o desenvolvimento das mesmas além de muitas delas serem, num ou noutro momento da história, importantes para o seu desenvolvimento.
Taylor Kitsch e Lynn Collins, que aqui interpretam o duo protagonista, acabam por mostrar alguma empatia um pelo outro mas não o suficiente para enquanto par romântico denotarem alguma química. Funcionam mais como um par dinâmico típico de um filme de acção mas não como uma dupla sentimental credível o suficiente.
No campo das interpretações há que destacar Mark Strong, igual a si mesmo enquanto "Matai Shang", o vilão de serviço do filme, é mais uma das personagens que merecia um pouco mais de desenvolvimento mas que, ainda assim consegue ser uma das mais ricas. Ao contrário do "Carter" de Taylor Kitsch que tem um potencial enorme por explorar e que assim fica até ao final, principalmente o que diz respeito ao seu "passado" na Terra.
John Carter é um filme interessante não sendo, no entanto, fundamental. Entretém enquanto o vemos mas facilmente esquecemos aquilo que por ali se passou não sendo assim uma das melhores apostas que a Disney (companhia produtora) fez.
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6 / 10
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