sexta-feira, 16 de novembro de 2012

L'Intervallo (2012)

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L'Intervallo de Leonardo di Costanzo e a sua primeira longa-metragem de ficção passou na secção competitiva desta edição do Lisbon & Estoril Film Festival.
Num bloco de prédio abandonados numa tranquilidade incomodativa de Nápoles, Salvatore (Alessio Gallo), que habitualmente vende gelados pelas ruas da cidade, fica encarregado de vigiar Veronica (Francesca Riso), uma irreverente rapariga que manteve relações de amizade com um bando rival do bairro de onde pertence e que agora está metida em problemas com os gangs do seu próprio bairro.
Ambos são jovens adultos à força, graças a uma aparente violência que se sente existir na cidade e que os obriga a perder a sua infância muito cedo. Enquanto Salvatore é um jovem pacato que mostra claramente preferir estar num qualquer outro local que não ali sendo, no entanto, a isso obrigado, Veronica demonstra ser uma jovem e rebelde rapariga que quer forçosamente viver uma vida à sua maneira e não pelas imposições sociais que as dinâmicas de grupo lhe impõem.
No entanto, e contra as suas vontades, ambos se encontram numa situação de extrema violência na medida em que são obrigados a "funcionar" como recluso e polícia numa luta que não é a deles mas que pelo igualmente violento meio e principalmente por aqueles que o governam, são a isso forçados. Factos que os levam a encararem-se como os verdadeiros responsáveis pela sua reclusão... Salvatore vê Veronica como uma rapariga que atri automaticamente os problemas e por isso está alia vigiá-la, enquanto ela o vê como o "segurança" daqueles que a pretendem ter presa.
No entanto, as iniciais hostilidades que marcaram o seu relacionamento aos poucos acabam por se dissipar e a tensa relação que tinham dá lugar a uma tímida amizade e compreensão que os começa a ligar, e percebemos também os motivos que os levam a encontrar-se naquele lugar juntos e imaginando aos poucos aquilo que deveriam realmente fazer... aproveitar a sua adolescência em vez de aguardarem por um final que poderá definitivamente marcar as suas vidas.
O interessante e intenso argumento deste filme da autoria numa parceria entre di Costanzo com Mariangela Barbanente e Maurizio Braucci, retrata através de um quase sempre calmo ambiente a violência com que as transformações nas vidas dos indivíduos podem acontecer. Se por um lado estamos num ambiente de uma grande metrópole, não deixa de ser verdade que toda a acção decorre num complexo habitacional abandonado onde aparentemente nada mudou além da própria natureza que, aos poucos, parece tomar conta de todo o espaço. Os únicos dois intervenientes na grande parte da duração deste filme são apenas estes dois jovens que, aos poucos, se vão conhecendo e vivendo um pouco das vivências da sua jovem idade, esquecendo por momentos a realidade que se encontra para além dos portões daqueles prédios. Fazendo assim a ligação ao título deste interessante filme, ambos estão a viver um verdadeiro intervalo das suas vidas. Esquecem a sua forçada idade adulta e as responsabilidades (obrigadas ou não) que dela advêm bem como os problemas que, não sendo deles, fazem dos mesmos uma parte integrante da qual não vão poder escapar.
Com dois fortes e intensos desempenhos de jovens actores que expressam pelos seus diálogos e pelas suas expressões o verdadeiro sentimento de ter de agir de acordo com normas estabelecidas, apenas por se viver ou ter nascido num espaço que há muito as delimitou e que não possibilita a sua praticabilidade, e uma fotografia da autoria de Luca Bigazzi que quase nos transporta para um local idílico e de fantasia que apenas percebemos não existir por sabermos que a qualquer momento toda a acção está prestes a ser despoletada, este filme de Di Costanzo é uma agradável surpresa que não irá deixar ninguém indiferente e que não só é um forte candidato à vitória neste festival como será certamente um dos filmes nomeados no próximo ano aos David da Academia Italiana de Cinema.
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7 / 10
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