Oneiros de Gustavo Silva é uma das curtas-metragens portuguesas candidatas ao Prémio YORN MOTELx de Melhor Curta-Metragem Portuguesa de Terror nesta décima edição do Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa que agora decorre no Cinema São Jorge.
Um jovem (Bruno Gusmão Monteiro) tenta estudar quando, por alguma obra do acaso, a sua televisão insiste em ficar ligada e à medida que o tempo passa os acontecimentos vão ficando mais sinistros.
Esta que é uma das dez curtas-metragens nomeadas este ano pelo MOTELx ao Prémio de Curta Portuguesa de Terror é, até à data, aquela que se apresenta mais frágil. O argumento da autoria do próprio realizador emerge o espectador num território que é - de certa forma - familiar a todos, ou seja, o que acontece naquele exacto momento em que a pressão parece tomar conta do cérebro e as insónias e o cansaço se mesclam dando origem a um domínio incerto da razão que apresenta factos e acontecimentos que proporcionam experiências tidas como "fora do normal" noutras situações. Quem não já sentiu, naquele "tal" momento de pressão, que já fez algo que parece precisar de ser feito num déjà vu misterioso e para o qual não são encontradas explicações? Num ritmo quase claustrofóbico onde o espaço parece tornar-se mais reduzido de instante para instante e numa sucessão de acontecimentos que se confundem com um sonho ou momentos já vividos, os quais geram uma confusão apenas tida por uma mente sem descanso
Dito isto, Oneiros perde-se um pouco ao estabelecer esta ligação com um certo elemento sobrenatural onde a já referida televisão parece saída de Poltergeist, de Tobe Hooper (1982) sem que, no entanto, esta seja o veículo de passagem entre dois mundos... o físico e o já referido sobrenatural assumindo-se, por sua vez, como um simples adereço cuja explicação nunca é abordada ou sequer confirmada. No fundo, se Oneiros seria certamente uma curta-metragem dinâmica e forte se se limitasse ao espaço confinado em que se desenrola a acção e aborda-se mais a tal fragilidade de uma mente atormentada pela falta de descanso isolando o jovem estudante num patamar de loucura auto-destrutiva sem, no entanto, recorrer à tal abordagem que ora insere o espectador nesta "realidade" ora o leva a sugerir que afinal o sobrenatural existe e está prestes a manifestar-se... mas não!
Com claras referências - assumidas ou não - do já referido título do início da década de 80 sem que existam espíritos que o confirmem, Oneiros denota as já explanadas fragilidades mantendo, no entanto, uma interessante atmosfera de um apartamento que parece, também ele, modificar-se como que se uma alma própria possuísse. Afinal - dizem - também as casas ganham as energias daqueles que nela habitam...
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