sábado, 24 de novembro de 2018

20-02-80 (2017)

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20-02-80 de Jerónimo Ribeiro Rocha (Portugal) é uma das curtas-metragens presentes na secção oficial da XXIVª edição do Caminhos do Cinema Português que hoje se inicia no Teatro Académico Gil Vicente e que se prolonga até ao próximi dia 1 de Dezembro.
Uma filmagem em Super 8... excertos de um filme snuff. O que poderá estar escondido com a revelação de imagens que se julgavam perdidas?
Depois das atmosferas de terror proporcionadas com as curtas-metragens Breu (2009), Dédalo (2013), Arcana (2015) e Macabre (2015), Ribeiro Rocha chega com o inesperado trazendo para o cinema em formato curto um inteligente - mas infelizmente incompleto - filme snuff que cativa não só pelo inesperado mas sobretudo pela inovação em fazer do género uma obra cinematográfica que nova e facilmente o coloca como uma referência do cinema de género.
O ambiente recriado também não poderia ser mais fiel ao género em questão. Numa floresta com elementos medievais e primitivos que remetem o espectador para um certo paganismo religioso - temática aliás recorrente na obra recente do realizador -, uma mulher é perseguida por quatro homens vestidos a rigor (um como elemento morte e líder do grupo, os três restantes como seus servos) que a transformam não só pela violência física que exercem sobre ela mas sobretudo pelo elemento psicológico que parece dominar os seus sentidos. Ritual místico que mescla religioso e pagão à parte, existe sim um sexto elemento - agressores e vítima à parte - que tenta, com o requinte possível para o género, filmar e captar todo um conjunto de elaboradas encenações para validar o filme snuff em que todos participam e do qual se compreende o fim último.
Com uma vívida imaginação para o género de terror e suspense recuperando aqui os tenebrosos filmes snuff, Jerónimo Ribeiro Rocha consegue um dos mais inteligentes dos últimos tempos pela sua capacidade de tudo fazer crer tendo, no entanto, muito pouco revelado sobre aquelas temidas e perigosas imagens... Já bem perto do final - e tal como revelou há mais de vinte anos o fortíssimo Tese, de Alejandro Amenábar -, é a curiosidade do espectador que, tão ou mais mortal do que as imagens filmadas, assume a maior revelação... afinal, não queremos todos nós ver mais daquilo que tão perigosamente tememos?
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6 / 10
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