sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Letters from Childhood (2018)

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Letters from Childhood de José Magro (Portugal) é a primeira das curtas-metragens da selecção oficial da XXIVª edição dos Caminhos do Cinema Português a decorrer no Teatro Académico Gil Vicente, em Cimbra dedicada à temática LGBT.
Esta é a história de duas amigas, Kate (Ana Príncipe) e Sarah (Erica Chapim), contada através de algumas das cartas que trocaram ao longo dos anos... Cartas que expõem a cumplicidade de um grande amor.
A beleza, mas também a imediata frustração, que esta brevíssima curta-metragem apresenta - ronda os três minutos de duração -, é o facto de conseguir agarrar o espectador às dinâmicas imagens que apresenta da relação de amizade, de cumplicidade e de amor entre as duas jovens e, ao mesmo tempo, terminar toda esta dramatização antes que o espectador esteja preparado para tal. Não... não é justo. Imaginemos La Vie d'Adèle - Chapitres 1 et 2, de Abdellatif Kechiche não em três horas... mas nesses referidos três minutos! Impossível.
As imagens e os momentos expostos, normalmente numa sequência que apenas versa os recantos escondidos da memória, levam o espectador a essa breve viagem a ocasionais partilhas de cumplicidades e actividades em que ambas estiveram. No fundo, assistimos à construção da sua memória, do que foi feito e principalmente do que ficou por dizer. Cúmplices, apaixonadas, umas vezes confessas e outras vividas no silêncio de um olhar, o espectador conhece não só a amizade como momentos de uma paixão tórrida típica de adolescentes e jovens adultas e, quando se deixa levar por aquela que pode ser uma moderna história de amor... as imagens terminam subitamente não nos permitindo obter nada mais da relação, passada e futura, destas jovens que agora entendemos como distantes no espaço.
Com a brevidade de uma carta que nunca foi escrita... ou daquelas que se escreveram tantas e tantas vezes e cuja mensagem foi mil vezes sabida, Letters from Childhood é seguramente um daqueles filmes curtos que não o deveriam ser tendo todo um mundo de possibilidades e portas abertas que facilmente o fariam cumprir-se como um dos grandes filmes portugueses do momento.
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5 / 10
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