sábado, 24 de novembro de 2018

O Quadro (2018)

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O Quadro de Paulo Araújo (Portugal) é mais uma das curtas-metragens apresentadas na selecção oficial da XXIVª edição do Caminhos do Cinema Português que hoje se inicia em Coimbra e que à semelhança do anterior filme, também remetem o espectador para um imaginário de suspense e terror.
Lisboa, meados do século passado. O ritmado trabalho de um contabilista é subitamente interrompido quando se sente atormentado por um enigmático quadro nas suas costas.
Luz intermitente, um pânico súbito com o desconhecido. Ruídos estranhos e um telefone que toca sem ninguém estar do outro lado. A única coisa que o argumento de Paulo Araújo faz chegar ao espectador são não os pensamentos de um homem atormentado pelo desconhecido mas sim os ruídos que o ambiente à sua volta insistem em fazer ecoar nos espaços que são, passo a passo, cada vez mais exíguos e talvez seja esta equação a mais forte deste filme curto, ou seja, a capacidade de criar desconforto pela potencial concepção de um perigo que, na realidade, não se observa. Existirá mais prisão do que aquela que se desconhece e teme?
Mas nem tudo está escondido. Existirá de facto aquela mulher retratada no quarto? Será tudo tão sombrio quanto parece? De onde chegam os ruídos que o atormentam? Que estranho escritório - ou casa - é aquele? Estará o espectador presente uma qualquer e inexplicada assombração? Ou será apenas um conjunto de alucinações que ganham forma pela exaustão de um trabalho monótono e sem qualquer potencial diversão?
A todas estas questões surge apenas uma única resposta explícita nos instantes finais desta curta-metragem e que, de certa forma, ilibam (ou não) todos os comportamentos até então tidos e presenciados por um homem que pouco lúcido parecia. Algo previsível no seu desenvolvimento e principalmente no desfecho mas interessante pela forma como se expõe tecnicamente - fotografia, direcção artística, caracterização e guarda-roupa da autoria de Isabel Feliciano -, O Quadro mantém-se fiel ao registo proposto mas, na prática, não se evidencia de tantos outros contos do género.
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4 / 10
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