Russa de João Salaviza e Ricardo Alves Jr. (Portugal/Brasil) é um dos documentários em formato curto presente na selecção oficial em competição do Caminhos do Cinema Português a decorrer no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra.
Helena "Russa" regressa ao Bairro do Aleixo durante uma precária. De visita à sua irmã e alguns amigos para celebrar o aniversário de um filho distante, "Russa" descobre um bairro diferente naquela que é uma transformação total das suas memórias e da imagem de bairro que tinha.
Salaviza e Alves Jr. constroem um breve mas intenso documentário que não só espelha o retrato de uma comunidade através do conjunto de memórias do mesmo que, nunca reveladas com precisão para o espectador, se centram na expressão de desencanto de "Russa" quando esta (re)visita o bairro do Aleixo.
A viagem inicial de regresso ao bairro parece uma certa meditação sobre o tempo - que passou para ela e para com aqueles que conhecera - e sobretudo sobre aquilo que irá encontrar e talvez não reconhecer. Sem casa - um dos momentos do documentário são os telefonemas de "Russa" para as entidades camarárias que emparedarem o seu lar -, "Russa" permanece na da sua irmã com quem troca palavras escassas e momentos cúmplices mas relativamente distantes. Talvez sem saber o que dizer face às mudanças da sua vida e mesmo estupefacta para com o novo cenário do bairro que sempre conhecera e que agora encontra como todo um "novo" local, "Russa" embarca numa breve viagem pelo espaço como testemunho (para o espectador) daquilo que ainda subsiste. Dos reencontros com os amigos e com a irmã que servem como o principal elo de ligação a um espaço - e, por sua vez, a uma comunidade - que sente cada vez menos sua pela condenação a que o espaço (tal como ela) tem de atravessar, "Russa" permanece num silêncio derrotista sobre como ultrapassar a sua condição (in)definida de uma habitante do bairro do Aleixo e como reorganizar a sua memória na medida em que o seu espaço de outrora resiste agora com uma nova imagem... ainda em transformação.
Intensa obra cinematográfica - nomeada para o Urso de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Berlim - sobre a memória, o espaço, o indivíduo e a identidade, Russa confirma uma obra contínua, pertinente e actual de Salaviza que aqui em parceria com Alves Jr. documenta o tempo e a sua passagem, apagando espaços, transformando memórias e assumindo-as como uma parte supra-importante na afirmação do Homem e da sua identidade.
.A viagem inicial de regresso ao bairro parece uma certa meditação sobre o tempo - que passou para ela e para com aqueles que conhecera - e sobretudo sobre aquilo que irá encontrar e talvez não reconhecer. Sem casa - um dos momentos do documentário são os telefonemas de "Russa" para as entidades camarárias que emparedarem o seu lar -, "Russa" permanece na da sua irmã com quem troca palavras escassas e momentos cúmplices mas relativamente distantes. Talvez sem saber o que dizer face às mudanças da sua vida e mesmo estupefacta para com o novo cenário do bairro que sempre conhecera e que agora encontra como todo um "novo" local, "Russa" embarca numa breve viagem pelo espaço como testemunho (para o espectador) daquilo que ainda subsiste. Dos reencontros com os amigos e com a irmã que servem como o principal elo de ligação a um espaço - e, por sua vez, a uma comunidade - que sente cada vez menos sua pela condenação a que o espaço (tal como ela) tem de atravessar, "Russa" permanece num silêncio derrotista sobre como ultrapassar a sua condição (in)definida de uma habitante do bairro do Aleixo e como reorganizar a sua memória na medida em que o seu espaço de outrora resiste agora com uma nova imagem... ainda em transformação.
Intensa obra cinematográfica - nomeada para o Urso de Ouro do Festival Internacional de Cinema de Berlim - sobre a memória, o espaço, o indivíduo e a identidade, Russa confirma uma obra contínua, pertinente e actual de Salaviza que aqui em parceria com Alves Jr. documenta o tempo e a sua passagem, apagando espaços, transformando memórias e assumindo-as como uma parte supra-importante na afirmação do Homem e da sua identidade.
8 / 10
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