Escala de Fábio Penela é uma curta-metragem portuguesa na qual o espectador acompanha o regresso de um homem (António Pedroso) à sua terra natal depois de anos de ausência. É neste regresso que se depara com lugares, memórias e momentos do passado que, por já terem sido vividos, parecem não ser os mesmos pela impossibilidade de se repetirem.
Quantas vezes já escutámos aquela velha máxima de que para se saber e perceber a importância que algo ou alguém tem para um indivíduo, este tem primeiro de o perder para saber a falta que lhe faz? Escala tenta responder a esta questão levando o espectador numa viagem - a mesma que o protagonista - de regresso à cidade natal. Aquela em que todos os momentos mais significativos da vida deste homem ocorreram, reconhecendo em cada recanto da mesma uma lembrança que, de certa forma, fez dele o Homem que é.
No entanto, à medida que Escala tenta responder a esta questão levanta outra ainda mais importante... Não será que essa distância que o faz - ao Homem - recordar o seu passado e perceber a sua própria memória o mesmo elemento que o leva lentamente a distanciar-se cada vez mais do mesmo espaço?
Numa dicotomia cíclica que parece não ter um fim em vista - pelo menos não um em que o sentimento de perda não povoe a memória do protagonista e, ao mesmo tempo, do próprio espectador, esta curta-metragem revisita os momentos mais significativos da vida de um Homem que tenta - aparentemente - uma redenção com o seu próprio passado que tantas, e supomos boas, memórias lhe proporcionou.
O que resta quando tudo parece igual mas quem o povoa é tão diferente? O que acontece quando os espaços que foram nossos pertencem agora a outros e às suas diferentes histórias? Como encontrar lugar nas "origens" que agora parecem ser de tantas pessoas que não conhecemos? Quem sou "eu" sem os meus espaços, as minhas pessoas, os meus recantos agora violados pela presença de tantos outros estranhos que involuntariamente os usurparam transformando-os em momentos também seus e plenos de outros contos?
Fábio Penela cria uma interessante história sobre a memória e a condição - de sobrevivência (?) - do Homem, sobre a sua marca, a sua presença e a sua passagem por um mundo que, pleno de tantas outras experiências e vidas, o deixa (ou não) cair nunca esquecimento perpétuo. No final, como sobrevive o "Homem" enquanto tal?
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