Cariocas de António da Silva é uma curta-metragem documental portuguesa que insere o espectador num universo muito particular onde voyeurismo se confunde com sedução e engate onde os intervenientes actuam como presa e predador numa selva muito movimentada na cidade do Rio de Janeiro.
Durante o dia junto à praia do Arpoador, dezenas de homens exercitam e exibem o seu corpo permitindo a todos os que por ali passam uma admiração mais ou menos consentida. Pela noite, o mesmo espaço ganha o estatuto de local de engate homossexual onde também dezenas de homens exibem os seus corpos para uma qualquer satisfação sexual de momento.
António da Silva consegue uma vez mais recriar um mini-documentário que leva o espectador a uma obrigatória posição de elemento participativo pelo voyeurismo que lhe é imposto e por se sentir desde o primeiro instante como um elemento que também percorre as praias cariocas onde o culto do corpo se confunde com a proeminente e precoce sexualidade que transpira por todos os poros dos corpos daqueles que as frequentam.
Através das imagens que capta e mais ou menos involuntariamente quer seja um mero transeunte ou até o próprio espectador, sente-se desde cedo um propósito alcançado quando sentados na sala de cinema nos interessamo-nos pelo que acontece por detrás daquelas árvores - apesar de ser já bastante explícito o que será - e pela facilidade com que certos encontros - sexualmente intencionais ou não - se proporcionam com mais facilidade do que aquela com que se toma um banho nas apelativas praias da cidade. O sexo, a sedução e a química gerada entre todos é instantânea e da Silva capta-os a todos tal como são... fáceis, rápidos e assumidamente descartáveis.
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7 / 10
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