sábado, 27 de setembro de 2014

Ode (2014)

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Ode de Ana Sofia Sousa é uma curta-metragem portuguesa de ficção presente em competição na edição deste ano do QueerLisboa - Festival Internacional de Cinema Queer a decorrer no Cinema São Jorge.
Encontramos um pintor (Romeo Sousa) que mistura as cores antes de iniciar a sua mais recente obra. Num misto de loucura e génio, este pintor está insatisfeito com a sua obra e debate-se com uma mescla de formas que o seu modelo deverá (deveria?) ter.
Ode, adaptado de Ode a Salvador Dalí (1926) escrito por Federico García Lorca e dedicado ao pintor surrealista espanhol é, em primeiro lugar, um ensaio experimental que nos transporta para a tal linha muito ténue que separa a essência de um génio e da sua loucura estando esta, por sua vez, intimamente ligada a uma incompleta concretização sentimental que denota características de uma insatisfação e tragédia latentes.
A representação pretendida que aquele pintor tenta transpôr na sua obra vive pequenos e breves momentos de satisfação que são repentinamente perturbados quando entende que aquilo que esboça não corresponde - ou o satisfaz - com a sua idealização de uma obra (podendo aqui o espectador encontra uma clara ligação à relação de amizade/paixão não correspondida entre os dois artistas espanhóis) e, como tal, dedica-se este pintor de Ode a uma viagem de auto-destruição - da obra como seu reflexo - que o colocam no limbo.
Curta - tanto quando o poema em si - Ode apresenta no entanto uma direcção de fotografia de Rita Laranjeira como seu expoente mais forte que recria num pequeno estúdio todas as sombras e limitações de uma psique conturbada aqui muito bem representada por Romeo Sousa.
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6 / 10
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