sábado, 20 de setembro de 2014

Wicker Park (2004)

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O Apartamento de Paul McGuigan é uma longa-metragem norte-americana e remake da obra francesa L'Appartement (1996), de Gilles Mimouni que relata a história de Matthew (Josh Hartnett), um publicitário de Chicago que no momento em que prepara uma viagem para a China julga encontrar Lisa (Diane Kruger), a mulher por quem se havia apaixonado dois anos antes.
Numa luta contra o tempo, Matthew tenta reconstruir todos os passos desse tempo, encontrar Lisa numa cidade onde os pequenos reencontros parecem proporcionar-se ao mesmo tempo que se depara com Alex (Rose Byrne), uma outra mulher que assume a identidade de Lisa vivendo todos os momentos que ela vive com um único propósito... o amor de Matthew.
Brandon Boyce adapta ao ambiente norte-americano o enredo da longa-metragem francesa criando pouca, se é que alguma diferença, mantendo dessa forma a inevitável comparação e comentário óbvio do seu espectador... "já o vi no filme francês... e melhor". Não retirando qualquer potencial a esta obra, Wicker Park consegue manter um interessante elemento... a direcção de fotografia de Peter Sova que consegue recriar todo um ambiente que, por vezes, se assemelha a uma thriller hitchcokiano - sem o ser - mantendo toda uma atmosfera negra onde ocasionais vultos, percepções erradas que oscilam com os desencontros habituais e espaços potencialmente amplos que se fecham num "lar" de sombras se assumem para formar um insuspeito drama onde o romance tarda a chegar.
Não existem grandes novidades dignas de registo em Wicker Park. Aquilo que aqui temos acaba por ser uma réplica em língua inglesa do seu original potencialmente dirigida para um público norte-americano que, dificilmente, opta por um filme com legendas. Temos todos os lugares comuns esperados para esta obra, todos os momentos matematicamente estudados para que corresponda, na íntegra, à obra francesa e apenas os actores divergem mantendo-se aqui uma saga transcontinental com actores norte-americanos, alemães e australianos naquele que poderá ser um piscar de olho aos respectivos mercados.
É um facto que esta obra entretém, na medida do possível, e que o tempo passa muito rapidamente não deixando espaço para indecisões ou momentos mortos. Das interpretações, dinâmicas quanto baste, existe o claro destaque para Rose Byrne como a (não) secundária que acaba por fazer mover e interferir nos destinos de todos mantendo-se como o motor de um enredo que se alterou no tempo graças à sua acção. Nenhuma das personagens ao seu redor - nem a interpretada por Hartnett, nem a de Kruger ou tão pouco a de Lillard - teriam qualquer conteúdo não fosse a sua decisão de alterar os seus destinos em própria conveniência. Por amor, por solidão ou até mesmo pela simples capacidade de o poder fazer, a "Alex" de Byrne é uma mulher desesperadamente solitária capaz de tudo para poder ter um vislumbre do seu amor. Incapaz de prejudicar por mal ou despeito, "Alex" é uma mulher que conhece de perto a solidão e teme-a com mais ímpeto do que o próprio receio de ser descoberta em todo o seu jugo e é apenas o seu olhar desesperado que consegue revelar - ao espectador - que as suas motivações no passado foram alvo de uma extrema necessidade de encontrar em "Matthew" alguém que a ame... tal como ela é... ignorando o "patinho feio" que sempre se achou e que pensa que os demais encontram no seu rosto.
À parte da imensa interpretação de Byrne - motivo pelo qual esta longa-metragem obteve a pontuação tão "alta" que lhe conferi -, Wicker Park é um filme com todosos lugares comuns das histórias de amor baseadas em encontros e desencontros que definem vidas, momentos, histórias, romances, perdas ou vitórias. Tudo o que gira em torno de "Alex" é perfeitamente reconhecível em todos os demais contos românticos que encontramos na Sétima Arte inclusive os dramas vividos por estas personagens.
Satisfatório mediante um ponto de vista global enquanto obra de género e potencialmente desnecessário enquanto remake de uma obra que era - à altura - ainda recente no imaginário do cinéfilo mais atento, Wicker Park é o filme esperado para qualquer noite de cinema mais tranquila onde não sejam de esperar grandes acontecimentos da obra, para os fãs dos actores em questão ou mesmo para aqueles que se sintam curiosos sobre até que ponto o remake pode ser diferente... quando na realidade quase nunca o chega a ser. Para todos os demais apreciadores de um bom drama ou romance... certamente no final perceberá que já viu mais... e francamente mais coeso.
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"Matthew: Things don't have to be extraordinary to be beautiful, even the ordinary can be beautiful."
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6 / 10
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