The Rugby Player de Scott Gracheff é um documentário presente na respectiva secção competitiva da décima-oitava edição do QueerLisboa - Festival Internacional de Cinema Queer a decorrer no Cinema São Jorge, em Lisboa.
Mark Bingham foi uma das vítimas dos atentados terroristas do 11 de Setembro de 2001. Este documentário, para além de se centrar nos trágicos acontecimentos associados a esse dia, centra-se principalmente na vida deste homem que apesar de igual a tantos outros se destaca por um inesperado legado que deixa para tantos outros com a história da sua vida.
The Rugby Player torna-se na inesperada história de um homem comum que tem a particularidade de ter sido amado por todos aqueles que o rodeavam desde a sua família aos seus amigos não só graças ao seu comportamento afectuoso como também pela sua honra e pela defesa quase inata de defender aqueles que se encontravam em situações mais complicadas e a necessitar de auxílio facto que é, aliás, referido aquando da sua viagem a bordo do voo 93 da United Airlines que se despenhou na Pensilvânia após ter sido desviado por um grupo de terroristas na já referida data.
Através de um sentido, emocionado mas ao mesmo tempo alegre relato de Alice Hoagland - a mãe de Mark -, este documentário transporta-nos numa sentida viagem ao retrato psicológico daquele homem que tinha uma energia contagiante capaz de a todos cativar pelo seu charme natural tornando-se numa referência para a família que o recorda e para os amigos que o mantêm sempre presente na sua memória. Ao mesmo tempo The Rugby Player explora de forma equilibrada e não sensacionalista, o lado afectivo e sentimental de Bingham revelando para além da sua sexualidade a forma como a sua memória, a sua paixão pelo desporto e a forma como viveu serve, no presente, de inspiração e exemplo para tantos que vivem os seus sentimentos e sexualidade às escuras isolados do mundo tornando-se talvez não num herói - apesar deste facto ser referido inúmeras vezes - mas sim num daqueles exemplos e referências a que todos almejam ser.
Se por um lado The Rugby Player nos leva a conhecer a família e amigos de Bingham, e principalmente os emocionados relatos de Alice Hoagland, a sua mãe, que hoje percorre inúmeros eventos desportivos que divulgam e defendem os direitos LGBT nomeadamente o reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo, por outro o espectador é, ao mesmo tempo, levado numa viagem pelo tempo para um conjunto de imagens e gravações de época nas quais fica a conhecer um pouco mais deste homem - então um jovem adolescente e adulto - sendo involuntariamente levado a pensar em todas as palavras que dele vão sendo ditos e no quão este homem olhava para os demais como seus pares... Alguém com que o próprio se identificava independentemente das suas origens e que via nos "outros" potenciais novas amizades ou parceiros que poderiam com ele seguir e trilhar um mesmo caminho fosse ele qual fosse.
São estes dois momentos distintos mas intimamente ligados que nos fornecem todo um interessante perfil sobre um homem que (in)conscientemente lutava pelos direitos dos mais fracos, daqueles que não eram reconhecidos criando com eles uma imediata empatia e solidariedade natural que o tornam hoje, anos após a sua morte, um exemplo a seguir por uma comunidade na qual o próprio se inseria e que pretende hoje ter reconhecidos os seus direitos que estão ainda longe de um reconhecimento absoluto e natural. Perfil esse que se torna apaixonante não só por se perceber ter estado naquela pessoa alguém com quem era fácil criar um elo de ligação - de amizade para uns e sentimental para outros - e que esse era apenas uma ínfima parte de todo um potencial que ficou infelizmente curto pelos trágicos acontecimentos que rodearam a sua (e a de tantos outros) morte.
Bingham tornou-se assim num exemplo não só para os seus amigos e familiares que com ele partilharam todos os momentos mais especiais da sua vida mas também para aqueles que hoje lutam por um reconhecimento pelos seus direitos - e dignidade - e que têm na sua figura alguém intocável graças à sua integridade, ao seu sentido companheirismo e lealdade (por todos referido) e que pode ser a figura referência de todo um movimento.
Scott Gracheff consegue através da edição e montagem de The Rugby Player criar um sentido e emotivo documentário que foca assuntos e temáticas actuais tendo como base a vida de um homem que olhava para os demais como seus semelhantes. Homem esse que já não se encontrando presente cria, no entanto, no espectador uma eterna questão... "e se?"... E se fosse diferente? E se fosse possível? E se de facto todos fossem iguais e com os mesmos direitos? E tudo isto sem nunca se esquecer que na realidade já todos somos iguais e com esses mesmos direitos que não são ainda reconhecidos num qualquer papel... pela mesma vontade do homem...
No final The Rugby Player leva-nos ainda a ir mais longe e questionarmo-nos sobre a origem dos fundamentalismos... Quando Bingham (e tantos outros) morreu pela vontade fundamentalista de um grupo de homens, estão hoje tantos outros privados de alguns dos seus direitos fundamentais por vontade também de um grupo de homens que se recusa a ver - e aceitar - que só não somos todos iguais graças a um conjunto de vontades e caprichos demagogos.
.Mark Bingham foi uma das vítimas dos atentados terroristas do 11 de Setembro de 2001. Este documentário, para além de se centrar nos trágicos acontecimentos associados a esse dia, centra-se principalmente na vida deste homem que apesar de igual a tantos outros se destaca por um inesperado legado que deixa para tantos outros com a história da sua vida.
The Rugby Player torna-se na inesperada história de um homem comum que tem a particularidade de ter sido amado por todos aqueles que o rodeavam desde a sua família aos seus amigos não só graças ao seu comportamento afectuoso como também pela sua honra e pela defesa quase inata de defender aqueles que se encontravam em situações mais complicadas e a necessitar de auxílio facto que é, aliás, referido aquando da sua viagem a bordo do voo 93 da United Airlines que se despenhou na Pensilvânia após ter sido desviado por um grupo de terroristas na já referida data.
Através de um sentido, emocionado mas ao mesmo tempo alegre relato de Alice Hoagland - a mãe de Mark -, este documentário transporta-nos numa sentida viagem ao retrato psicológico daquele homem que tinha uma energia contagiante capaz de a todos cativar pelo seu charme natural tornando-se numa referência para a família que o recorda e para os amigos que o mantêm sempre presente na sua memória. Ao mesmo tempo The Rugby Player explora de forma equilibrada e não sensacionalista, o lado afectivo e sentimental de Bingham revelando para além da sua sexualidade a forma como a sua memória, a sua paixão pelo desporto e a forma como viveu serve, no presente, de inspiração e exemplo para tantos que vivem os seus sentimentos e sexualidade às escuras isolados do mundo tornando-se talvez não num herói - apesar deste facto ser referido inúmeras vezes - mas sim num daqueles exemplos e referências a que todos almejam ser.
Se por um lado The Rugby Player nos leva a conhecer a família e amigos de Bingham, e principalmente os emocionados relatos de Alice Hoagland, a sua mãe, que hoje percorre inúmeros eventos desportivos que divulgam e defendem os direitos LGBT nomeadamente o reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo, por outro o espectador é, ao mesmo tempo, levado numa viagem pelo tempo para um conjunto de imagens e gravações de época nas quais fica a conhecer um pouco mais deste homem - então um jovem adolescente e adulto - sendo involuntariamente levado a pensar em todas as palavras que dele vão sendo ditos e no quão este homem olhava para os demais como seus pares... Alguém com que o próprio se identificava independentemente das suas origens e que via nos "outros" potenciais novas amizades ou parceiros que poderiam com ele seguir e trilhar um mesmo caminho fosse ele qual fosse.
São estes dois momentos distintos mas intimamente ligados que nos fornecem todo um interessante perfil sobre um homem que (in)conscientemente lutava pelos direitos dos mais fracos, daqueles que não eram reconhecidos criando com eles uma imediata empatia e solidariedade natural que o tornam hoje, anos após a sua morte, um exemplo a seguir por uma comunidade na qual o próprio se inseria e que pretende hoje ter reconhecidos os seus direitos que estão ainda longe de um reconhecimento absoluto e natural. Perfil esse que se torna apaixonante não só por se perceber ter estado naquela pessoa alguém com quem era fácil criar um elo de ligação - de amizade para uns e sentimental para outros - e que esse era apenas uma ínfima parte de todo um potencial que ficou infelizmente curto pelos trágicos acontecimentos que rodearam a sua (e a de tantos outros) morte.
Bingham tornou-se assim num exemplo não só para os seus amigos e familiares que com ele partilharam todos os momentos mais especiais da sua vida mas também para aqueles que hoje lutam por um reconhecimento pelos seus direitos - e dignidade - e que têm na sua figura alguém intocável graças à sua integridade, ao seu sentido companheirismo e lealdade (por todos referido) e que pode ser a figura referência de todo um movimento.
Scott Gracheff consegue através da edição e montagem de The Rugby Player criar um sentido e emotivo documentário que foca assuntos e temáticas actuais tendo como base a vida de um homem que olhava para os demais como seus semelhantes. Homem esse que já não se encontrando presente cria, no entanto, no espectador uma eterna questão... "e se?"... E se fosse diferente? E se fosse possível? E se de facto todos fossem iguais e com os mesmos direitos? E tudo isto sem nunca se esquecer que na realidade já todos somos iguais e com esses mesmos direitos que não são ainda reconhecidos num qualquer papel... pela mesma vontade do homem...
No final The Rugby Player leva-nos ainda a ir mais longe e questionarmo-nos sobre a origem dos fundamentalismos... Quando Bingham (e tantos outros) morreu pela vontade fundamentalista de um grupo de homens, estão hoje tantos outros privados de alguns dos seus direitos fundamentais por vontade também de um grupo de homens que se recusa a ver - e aceitar - que só não somos todos iguais graças a um conjunto de vontades e caprichos demagogos.
9 / 10
.
Sem comentários:
Enviar um comentário