sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Hello Bingo (2014)

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Hello Bingo de Marco Lamanna é uma curta-metragem italiana que recupera de forma inteligente o estilo pulp onde a violência física, psicológica e verbal se apoderam de todos os momentos desta história.
Lucie (Emilia Fanetti) desloca-se a um misterioso bar. Para lá também se desloca John (Joe Pastore). Ambos, convictos dos fins da sua visita, têm motivos que desconhecemos.
Por sua vez Jimmy (Simone Riccioni) e Lucie (Emilia Fanetti) têm vários e esporádicos encontros sexuais. O prazer e o desejo que os une poderá ser também aquilo que os separa quando conhecem Bingo (Loris Pagani), um palhaço que não tem como missão fazê-los rir.
Hello Bingo é, como referi, uma interessante e bem sucedida recuperação do género pulp italiano que Marco Lamanna tão bem dirige e cujo argumento também assina, levando-nos a uma viagem não só pela violência física como também psicológica perpetrada sobre aqueles que são, aparentemente, mais fracos. Violência esta que vive numa interdependência - física e psicológica - pois se por um lado existe um ritual em que ela é praticada sobre o indivíduo, não é menos verdade que a dita resulta de uma tortura previamente exercida sobre a psique da vítima com o recurso aos medos mais inconscientes de cada um.
Assim, num misto de medos primários de uns e do mundo ilusório de outros, Hello Bingo vagueia pela excentricidade de uma elaborada tortura física que tende a eliminar todos aqueles que, no seu íntimo, de vítima pouco têm e que mais não são do que os primeiros torturadores da integridade alheia.
Com uma direcção de fotografia, também da responsabilidade de Lamanna, Hello Bingo recupera o ambiente cru e frio que se espera de um filme do género obrigando o espectador a entrar num mundo de sombras e de desconfianças primárias que transformam todo um espaço num labirinto de medo e de suspeita que se agudiza como um jogo de gato e do rato. Destaque ainda para a assustadora - de tão competente ser - caracterização de Elena Bertolini e Katia Brivio que mais uma vez confirmam que os palhaços podem ser verdadeiramente assustadores e dignos de poucos (sor)risos. E para quem o quiser confirmar pode ver a curta na íntegra aqui.
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7 / 10
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