Nightsatan and the Loops of Doom de CHRZU é uma curta-metragem finlandesa de ficção e uma das exibidas na secção Internacional do MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa que decorre até ao próximo dia 14 no Cinema São Jorge.
No ainda longinquo ano de 2034 e num cenário pós-apocalíptico na Carélia (Finlândia), um improvável trio de guerreiros que se auto-denomina como Nightsatan composto por Inhalator 2, Mazathoth e Wolf-Rami, mantém a sua sanidade - ou o que dela resta - através da música que criam conseguindo, ao mesmo tempo, salvar uma jovem refém do seu cativeiro que parece não ter um fim à vista, numa terra povoada por um conjunto de perigosos sobreviventes que decide impôr a ordem à sua própria e muito especial maneira.
Neste espaço onde predomina a desordem, o caos, um árido deserto e canibalismo gore serão os membros deste trio de músicos os verdadeiros redentores de uma qualquer liberdade?
Assumidamente, e até este momento, Nightsatan and the Loops of Doom é, sem a menor reserva, o melhor filme de todo o festival. Não só pela sua atmosfera verdadeiramente apocalíptica como pela inovação em trazer a este festival um filme - ainda que "infelizmente" seja uma curta-metragem e não uma longa como merecia ser - que nos prende desde o primeiro instante e induz a criar uma igualmente estranha empatia com um conjunto de personagens heróicas que sendo deste mundo... não o são.
Se o argumento da autoria de Christer Lindström nos transporta obrigatoriamente para o tal universo pós-apocalíptico onde se percebe que a ordem e a lei mais não são do que uma vaga miragem do passado que emerge o espectador no caos que lhe é inerente, não é menos verdade que todo o ambiente sócio-geográfico são de uma perfeição alucinante que nos impele a devorar todos os pequenos detalhes que dele exalam; desde a sua direcção de fotografia da autoria de Ville Muurinen que consegue recriar um espaço árido, desprovido de qualquer imagem de vida e onde se consegue realmente alcançar o infinito pois nada em redor existe transformando tudo em pequenos grandes vazios de um tom desértico, seco e rude num clima que muito se aproxima de um clássico como Mad Max - é inevitável a comparação que se lhe faz sem no entanto querer reduzir este genial Nightsatan and the Loops of Doom - não só por esta referida aridez mas também pelo próprio guarda-roupa que nos remete de imediato para os referidos filmes e que o mesclam com o clima metal, o qual os nossos três improváveis heróis têm como uma "bíblia" da salvação num tempo tão cruel. Lindström é o responsável por este guarda-roupa o que nos revela assim todo o cuidado que teve para recriar o ambiente esteticamente perfeito e que revelam ao espectador que está por detrás de elementos chave que dão a vida necessária a esta história e não só na passagem da sua mensagem enquanto história de conflito de poderes do suposto mais forte para com os mais fracos e com menos recursos. Afinal seria todo este "clima" o mesmo se algum destes elementos falhasse?
Finalmente, e para além da magnífica caracterização que é realizada aos actores de NatLoD, é impossível passar por este filme e não reparar na ousada comédia que aliada ao desencanto pelo mundo "moderno" nos faz temer por um futuro (in)certo onde a vida é tida como um bem quase absurdo, dispensável se não utilizado com perspicácia e em nome de algo maior, mesmo que repleto de violência gráfica e verbal enquanto se faz uma sentida homenagem ao cinema italiano de género dos anos 80 do século passado (não fosse esta curta-metragem falada em italiano).
Com protagonistas reais - ou pelo menos reais enquanto os conhecemos como personagens da banda Nightsatan - os ditos são compostos por Inhalator 2, Mazathoth e Wolf-Rami que aqui se interpretam a si próprios neste universo decadente onde sobrevivem graças à sua paixão pela música Laser Metal e com a nobre missão de salvar a jovem donzela (também ela muito alternativa) das garras de um improvável vilão que tudo fará para ter alguém com quem "brincar".
Esta edição do MOTELx estava a precisar de um filme que levantasse a moral, que prestasse uma sentida homenagem ao cinema do género e que se assumisse como um trunfo do verdadeiro espírito e essência do cinema de terror e Nightsatan and the Loops of Doom preencheu com honra e mérito esse espaço tornando difícil a exibição de um filme maior - ou melhor. E não fosse todo o conjunto de excelência artística, que o comprovasse a extensa ovação de palmas de que foi alvo no seu final e que deixou o público da sala em delírio.
No ainda longinquo ano de 2034 e num cenário pós-apocalíptico na Carélia (Finlândia), um improvável trio de guerreiros que se auto-denomina como Nightsatan composto por Inhalator 2, Mazathoth e Wolf-Rami, mantém a sua sanidade - ou o que dela resta - através da música que criam conseguindo, ao mesmo tempo, salvar uma jovem refém do seu cativeiro que parece não ter um fim à vista, numa terra povoada por um conjunto de perigosos sobreviventes que decide impôr a ordem à sua própria e muito especial maneira.
Neste espaço onde predomina a desordem, o caos, um árido deserto e canibalismo gore serão os membros deste trio de músicos os verdadeiros redentores de uma qualquer liberdade?
Assumidamente, e até este momento, Nightsatan and the Loops of Doom é, sem a menor reserva, o melhor filme de todo o festival. Não só pela sua atmosfera verdadeiramente apocalíptica como pela inovação em trazer a este festival um filme - ainda que "infelizmente" seja uma curta-metragem e não uma longa como merecia ser - que nos prende desde o primeiro instante e induz a criar uma igualmente estranha empatia com um conjunto de personagens heróicas que sendo deste mundo... não o são.
Se o argumento da autoria de Christer Lindström nos transporta obrigatoriamente para o tal universo pós-apocalíptico onde se percebe que a ordem e a lei mais não são do que uma vaga miragem do passado que emerge o espectador no caos que lhe é inerente, não é menos verdade que todo o ambiente sócio-geográfico são de uma perfeição alucinante que nos impele a devorar todos os pequenos detalhes que dele exalam; desde a sua direcção de fotografia da autoria de Ville Muurinen que consegue recriar um espaço árido, desprovido de qualquer imagem de vida e onde se consegue realmente alcançar o infinito pois nada em redor existe transformando tudo em pequenos grandes vazios de um tom desértico, seco e rude num clima que muito se aproxima de um clássico como Mad Max - é inevitável a comparação que se lhe faz sem no entanto querer reduzir este genial Nightsatan and the Loops of Doom - não só por esta referida aridez mas também pelo próprio guarda-roupa que nos remete de imediato para os referidos filmes e que o mesclam com o clima metal, o qual os nossos três improváveis heróis têm como uma "bíblia" da salvação num tempo tão cruel. Lindström é o responsável por este guarda-roupa o que nos revela assim todo o cuidado que teve para recriar o ambiente esteticamente perfeito e que revelam ao espectador que está por detrás de elementos chave que dão a vida necessária a esta história e não só na passagem da sua mensagem enquanto história de conflito de poderes do suposto mais forte para com os mais fracos e com menos recursos. Afinal seria todo este "clima" o mesmo se algum destes elementos falhasse?
Finalmente, e para além da magnífica caracterização que é realizada aos actores de NatLoD, é impossível passar por este filme e não reparar na ousada comédia que aliada ao desencanto pelo mundo "moderno" nos faz temer por um futuro (in)certo onde a vida é tida como um bem quase absurdo, dispensável se não utilizado com perspicácia e em nome de algo maior, mesmo que repleto de violência gráfica e verbal enquanto se faz uma sentida homenagem ao cinema italiano de género dos anos 80 do século passado (não fosse esta curta-metragem falada em italiano).
Com protagonistas reais - ou pelo menos reais enquanto os conhecemos como personagens da banda Nightsatan - os ditos são compostos por Inhalator 2, Mazathoth e Wolf-Rami que aqui se interpretam a si próprios neste universo decadente onde sobrevivem graças à sua paixão pela música Laser Metal e com a nobre missão de salvar a jovem donzela (também ela muito alternativa) das garras de um improvável vilão que tudo fará para ter alguém com quem "brincar".
Esta edição do MOTELx estava a precisar de um filme que levantasse a moral, que prestasse uma sentida homenagem ao cinema do género e que se assumisse como um trunfo do verdadeiro espírito e essência do cinema de terror e Nightsatan and the Loops of Doom preencheu com honra e mérito esse espaço tornando difícil a exibição de um filme maior - ou melhor. E não fosse todo o conjunto de excelência artística, que o comprovasse a extensa ovação de palmas de que foi alvo no seu final e que deixou o público da sala em delírio.
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