Maria de Joana Viegas é uma curta-metragem portuguesa de ficção candidata ao Prémio MOTELx de Melhor Curta-Metragem Portuguesa de Terror nesta oitava edição do festival de cinema a decorrer no Cinema São Jorge, em Lisboa.
Numa aparentemente pacata aldeia do interior, Arsénio (Victor Gonçalves) é um homem solitário que cuida de Maria (Mariana Santos), a sua filha.
Para lá dos comportamentos ocasionalmente mais extremados, Arsénio esconde um terrível segredo que é apenas partilhado com o Padre (Pedro Diogo), e que poderá comprometer os destinos de ambos.
Maria foi uma agradável surpresa e uma curta-metragem fiel ao espírito do cinema fantástico e de terror. Um terror assumidamente brando na forma como se desenvolve em torno das suas personagens, também elas muito características e com os seus próprios elementos do terror, bem como recupera um dos elementos fundamentais de qualquer bom filme do género ao centrar toda a narrativa na personagem de uma aparentemente inocente criança que esconde por detrás do seu inocente rosto uma essência que todos desconhecem.
Guilherme Daniel, produtor e argumentista de Maria, estabelece assim toda uma surpreendente produção na qual o espectador se depara com um ambiente tenebroso onde o vilão e a vítima não são necessariamente quem inicialmente esperamos. Ambiente este aperfeiçoado com o próprio design do espaço - num eficaz trabalho de Raquel Santos - que nos remete para um local perdido no tempo onde os velhos costumes e tradições são ainda uma lei medieval onde o Bem e o Mal se confrontam diariamente colhendo as suas vítimas sem que ninguém lhes sinta a falta.
Toda esta produção beneficia ainda de um conjunto de inspiradas interpretações por parte do trio de actores que realmente fazem justiça àquilo que se espera de um filme de terror... sem gritos ou histeria desesperada, todos eles sentem a presença de algo maior que não conseguem controlar, o tal Mal que se esconde por detrás de uma porta entre-aberta (vão perceber a dica) e ao qual sabem ser melhor não resistir pois no final ele levará aquilo que pretende. Victor Gonçalves enquanto o pai atormentado, mas dedicado, de "Maria", tem aqui uma interpretação que se torna facilmente na protagonista e que cativa o espectador através do seu sofrimento versus dedicação auto-infligidos do qual sabe não poder - e possivelmente não querer - escapar quer por uma qualquer moral que ainda detém quer por saber que se não fôr ele o escolhido... o Mal (do qual é pai) irá sair descontrolado - Mal este que, no entanto, contra a vontade de qualquer um ganha o seu próprio poder e resistências para não se deixar controlar por ninguém... à medida que o tempo passa, ele ganha as suas próprias "pernas".
Interessante está ainda a interpretação de Pedro Diogo como o "Padre" da aldeia que sabe pouco poder fazer sobre uma situação que está para além das suas competências - ainda que seja o homem de Deus na Terra - e que por esse mesmo motivo poderá ter de prestar as suas próprias contas quando o julgamente chegar. Finalmente a jovem Mariana Santos é possivelmente a grande surpresa desta curta-metragem pois consegue encarnar o espírito do Mal "em pessoa". A sua composição enquanto "Maria" teve momentos em que fazia recordar o jovem "Damien" em The Omen num perfeito retrato de que o Mal e o perigo podem chegar suavemente e com um rosto angélico.
Como já referi um dos elementos mais positivos desta curta-metragem é ainda o seu design de produção que nos remete para um espaço esquecido, como se sob uma quarentena estando afastado de todo o mundo exterior quase parado no tempo. A recriação dos espaços antigos e com uma ligeira "pitada" gótica e medieval transforma todo um ambiente que se pensa moderno num reflexo de um tempo distante, perdido e esquecido exponenciando toda a vertente de terror silencioso, mordaz e implacável que espera o seu grande momento para ser finalmente libertado e que fazem de Maria um dos títulos a reter para o Prémio MOTELx de Melhor Curta-Metragem de Terror Portuguesa.
Numa aparentemente pacata aldeia do interior, Arsénio (Victor Gonçalves) é um homem solitário que cuida de Maria (Mariana Santos), a sua filha.
Para lá dos comportamentos ocasionalmente mais extremados, Arsénio esconde um terrível segredo que é apenas partilhado com o Padre (Pedro Diogo), e que poderá comprometer os destinos de ambos.
Maria foi uma agradável surpresa e uma curta-metragem fiel ao espírito do cinema fantástico e de terror. Um terror assumidamente brando na forma como se desenvolve em torno das suas personagens, também elas muito características e com os seus próprios elementos do terror, bem como recupera um dos elementos fundamentais de qualquer bom filme do género ao centrar toda a narrativa na personagem de uma aparentemente inocente criança que esconde por detrás do seu inocente rosto uma essência que todos desconhecem.
Guilherme Daniel, produtor e argumentista de Maria, estabelece assim toda uma surpreendente produção na qual o espectador se depara com um ambiente tenebroso onde o vilão e a vítima não são necessariamente quem inicialmente esperamos. Ambiente este aperfeiçoado com o próprio design do espaço - num eficaz trabalho de Raquel Santos - que nos remete para um local perdido no tempo onde os velhos costumes e tradições são ainda uma lei medieval onde o Bem e o Mal se confrontam diariamente colhendo as suas vítimas sem que ninguém lhes sinta a falta.
Toda esta produção beneficia ainda de um conjunto de inspiradas interpretações por parte do trio de actores que realmente fazem justiça àquilo que se espera de um filme de terror... sem gritos ou histeria desesperada, todos eles sentem a presença de algo maior que não conseguem controlar, o tal Mal que se esconde por detrás de uma porta entre-aberta (vão perceber a dica) e ao qual sabem ser melhor não resistir pois no final ele levará aquilo que pretende. Victor Gonçalves enquanto o pai atormentado, mas dedicado, de "Maria", tem aqui uma interpretação que se torna facilmente na protagonista e que cativa o espectador através do seu sofrimento versus dedicação auto-infligidos do qual sabe não poder - e possivelmente não querer - escapar quer por uma qualquer moral que ainda detém quer por saber que se não fôr ele o escolhido... o Mal (do qual é pai) irá sair descontrolado - Mal este que, no entanto, contra a vontade de qualquer um ganha o seu próprio poder e resistências para não se deixar controlar por ninguém... à medida que o tempo passa, ele ganha as suas próprias "pernas".
Interessante está ainda a interpretação de Pedro Diogo como o "Padre" da aldeia que sabe pouco poder fazer sobre uma situação que está para além das suas competências - ainda que seja o homem de Deus na Terra - e que por esse mesmo motivo poderá ter de prestar as suas próprias contas quando o julgamente chegar. Finalmente a jovem Mariana Santos é possivelmente a grande surpresa desta curta-metragem pois consegue encarnar o espírito do Mal "em pessoa". A sua composição enquanto "Maria" teve momentos em que fazia recordar o jovem "Damien" em The Omen num perfeito retrato de que o Mal e o perigo podem chegar suavemente e com um rosto angélico.
Como já referi um dos elementos mais positivos desta curta-metragem é ainda o seu design de produção que nos remete para um espaço esquecido, como se sob uma quarentena estando afastado de todo o mundo exterior quase parado no tempo. A recriação dos espaços antigos e com uma ligeira "pitada" gótica e medieval transforma todo um ambiente que se pensa moderno num reflexo de um tempo distante, perdido e esquecido exponenciando toda a vertente de terror silencioso, mordaz e implacável que espera o seu grande momento para ser finalmente libertado e que fazem de Maria um dos títulos a reter para o Prémio MOTELx de Melhor Curta-Metragem de Terror Portuguesa.
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