quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Valsinha (2013)

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Valsinha de Miguel Carranca é uma curta-metragem portuguesa de ficção que conta a história de João, apaixonado por Leonor que foge de um beijo de amor que desconhece. Anos mais tarde voltamos a encontrar João (Sérgio Godinho) e Leonor (Paula Bárcia) um casal de meia idade que aparenta viver uma vida de alguma incomunicabilidade. Estaremos presente o fim de um casal?
O argumento de Miguel Carranca começa por apresentar uma história de uma paixão juvenil que se confirma no segredo da vivência comum de dois jovens. No entanto, este breve momento é imediatamente substituído por uma realidade presente onde ambos, já de meia idade, aparentam viver uma relação repleta de silêncios e de uma indiferença que desconhecemos. "Leonor" aparenta ser uma mulher apenas preocupada com uma lida de casa que "João" ignora voluntariamente em nome das notícias sobre o escalar de uma crise económica que se instala. Mas, será este silêncio aquele resultante de uma indiferença ou de um cansaço presente por outra situação que ocupou as suas vidas no silêncio da noite?
"João" procura uma "Leonor", dentro e fora de casa, enquanto esta se perde - fruto da sua doença - pelas ruas de uma cidade que aprende a desconhecer. Mas "Leonor" começa também a desconhecer "João", o companheiro de toda a sua vida, e é apenas na semelhança e no revisitar dos momentos passados que ambos se poderão voltar a reencontrar.
Com um olhar presente naquele que é um dos grandes flagelos da saúde da psique, Valsinha tenta estabelecer um paralelismo e uma ponte entre o passado e o presente que possa - assim se espera - encontrar um momento comum que recupere a solidão de uma mente que se perde dentro dos seus próprios pensamentos (ou na falta deles).
No seio de um lar que poderá ser a mais recente vítima da tal crise económica e financeira, Valsinha preocupa-se com esta realidade mas, ao mesmo tempo, tem todo o seu ênfase naquela crise psicológica que faz o indivíduo perder-se dentro da sua mente, primeiro isolando-se na sua incapacidade de recordar e verbalizar, depois na de reconhecer aqueles que com ela privam de mais perto e, finalmente - desconhecido o "quando" para o espectador - na solidão de uma mente que se fechou e perdeu nela própria.
Miguel Carranca - realizador, argumentista e editor - cria assim uma história sólida e emotiva que esquecendo (sem esquecer) a crise, se preocupa em se centrar num amor... ainda que lentamente este caia, também ele, num esquecimento involuntário emocionalmente apimentado com uma brilhante direcção musical de Filho da Mãe.
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7 / 10
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