O Rapaz do Pijama às Riscas de Mark Herman é um extraordinário e poderoso filme dramático passado durante os anos da Segunda Guerra Mundial na Alemanha.
Aqui conhecemos uma família alemã onde o pai é militar de alta patente e como tal requisitado para ir dirigir um campo de concentração. Mas não é este a personagem principal do filme mas sim o seu filho. O pequeno Bruno (um excelente desempenho por parte do jovem actor Asa Butterfield) vê inicialmente o pai como um herói que o protege bem como à sua irmã e mãe, mas que no entanto o vai afastar daquilo que já conhece... a sua casa e os seus amigos.
Ao chegar à nova casa que fica no meio da floresta, a única advertência dada a Bruno é que não pode brincar nas traseiras da mesma, que é exactamente aquilo que lhe desperta imediatamente o interesse, juntamente com os empregados da casa que usam todos o mesmo tipo de roupa. A do campo de concentração.
Ao apanhar um dia a porta aberta Bruno aventura-se pela floresta e chega ao campo onde encontra outra criança da sua idade do outro lado do arame farpado. A amizade proibida entre ambos aumenta ao ponto de um dia Bruno se juntar ao seu novo amigo para procurar o pai deste dentro do campo.
O resultado desta aventura não o direi porque, utilizando uma expressão que normalmente uso, o desfecho deste filme é bom e chocante demais para poder ser revelado assim sem mais nem menos por aqui.
Não temos em O Rapaz do Pijama às Riscas um filme de guerra mas sim um filme que reflete sobre as experiências humanas que estão por detrás dela com a particularidade de nos ser relatado através dos olhos e das vivências de uma criança. Porque não poderia ela falar com um cozinheiro? Ou passear pelo jardim das traseiras? Ou sequer falar com a única outra criança da sua idade que encontra e que, em circunstâncias normais, seria a sua melhor amiga?
Se a história por si já é interessante e bem adaptada ao cinema, as interpretações não lhe ficam atrás. Como já referi o jovem Asa Butterfield tem aqui um magnífico papel que capta bem a visão de uma criança e a transmite a nós espectadores com um tremendo realismo. Mas também os outros actores são convincentes nos seus papéis. Rupert Friend como o oficial nazi impiedoso e cruel. David Thewlis no papel de pai dividido entre o cumprimento do dever e o dever de pai. A mãe Vera Farmiga que inicialmente põe tudo o que está à sua volta para trás mas que com o passar do tempo se vê cada vez mais envolvida e repugnada com a situação e o jovem rapaz do pijama às riscas, Jack Scanlon que é o rosto dos horrores de um campo de concentração.
Como não podia deixar de ser num filme do género, existe uma banda-sonora composta magistralmente por James Horner que dá uma dimensão dramática e muito humana a todo um filme imperdível.
"Bruno: We're not supposed to be friends, you and me. We're meant to be enemies."
10 / 10
CinEuphoria Prémios'09 VOTAR AQUI
Sem comentários:
Enviar um comentário