Revolutionary Road de Sam Mendes e é o reencontro de Kate Winslet e Leonardo DiCaprio no grande ecrã após o sucesso que foi em 1997 o filme Titanic.
Com este filme do realizador de Beleza Americana seguimos a história de um jovem casal que se muda para uma bela casa nos subúrbios e que tenta iniciar a sua vida nm novo local. Frank (DiCaprio) tem um trabalho em Nova York que pouco ou absolutamente nada lhe diz, enquanto que April (Winslet) é uma dona-de-casa insatisfeita pela não concretização dos seus sonhos.
Quando April sugere deixarem tudo e mudarem-se para Paris, cidade que Frank havia visitado e amado, e enquanto ela trabalhava e ele encontrava algo que realmente gostasse de fazer na vida, apesar de inicialmente recusar Frank acaba por ceder e têm assim um plano para revitalizar as suas vidas até então sem sentido.
Uma vez decididos as circunstâncias em que se encontram mudam quando Frank tem uma promoção no seu trabalho e April fica de novo grávida. Começam então os problemas entre ambos quando Frank decide ficar e não alterar as suas vidas que até lhes dão algum conforto e segurança.
A decadência como casal que já se havia inicado há algum tempo pelo desinteresse crescente que April mostrava na falta de afectos para com Frank, e visível neste através dos casuais encontros com colegas de trabalho agrava a partir daqui com a constante violência psicológica exercida de parte a parte. A prisão psicológica que April sente por não concretizar os seus sonhos e por se sentir numa vida sem rumo num local que aparentemente é perfeito, culminam com a sua gravidez que em parte não é desejada.
A vida perfeita que espelhavam para os seus vizinhos, e que por eles era desejada e invejada, não passava de uma fachada para manter a aparência de que nada se passava na famosa casa de Revolutinary Road. O próprio nome da rua onde viviam era o espelho daquilo que sentiam, uma revolução. Não uma revolução qualquer mas sim uma interior. Uma revolução e uma revolta pelos desejos incumpridos, pelos sonhos desfeitos e pelas ilusões que se sentiam obrigados em manter. Tudo em nome da aparência. Tudo em nome da imagem. Uma revolução interior que os desgastava e que os consumia. E era em nome desta oportunidade de mudança e no meio do seu desespero interior que ambos atingiram o seu fim e principalmente o seu fundo. A repulsa e o grito de April no meio da discussão com Frank e o seu acto final para uma total libertação da repressão em que se sentia viver são o espelho claro do seu desespero e da sua tristeza que não iriam ter fim.
Se este é dos melhores papéis em que vi DiCaprio desempenhar, não tenho qualquer sombra de dúvida que foi um dos grandes filmes de Winslet e possivelmente o grande papel da sua vida. Aliás, este foi o seu grande ano ao representar também O Leitor (pelo qual ganhou Oscar, EFA, BAFTA, SAG e Globo de Ouro), e com este Revolutionary Road Winslet atinge o expoente máximo da sua carreira. Há também que dar um grande, aliás muito grande, destaque ao papel de Michael Shannon que, no meio da sua loucura (seria?) fez os comentários mais lúcidos e mais sérios do filme.
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"John Givings: Hopeless emptiness. Now you've said it. Plenty of people are onto the emptiness, but it takes real guts to see the hopelessness."
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Sam Mendes atinge aqui outra grande obra-prima depois de Beleza Americana, e entrega-nos um fabuloso retrato da vida suburbana onde tudo tem de aparentar ser perfeito, mas onde tudo está repleto de defeitos e de ambições reprimidas onde, uma extraordinária e carregada banda-sonora da autoria de Thomas Newman conferem ao filme uma carga dramática extremamente forte.
Revolutionary Road é sem dúvida uma das obras-primas do último ano, e arrisco dizer dos últimos anos. Imperdível.
"April Wheeler: Tell me the truth, Frank, remember that? We used to live by it. And you know what's so good about the truth? Everyone knows what it is however long they've lived without it. No one forgets the truth, Frank, they just get better at lying."
10 / 10
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