O Casamento de Rachel de Jonathan Demme é um brilhante filme sobre a família, sobre as dependências, sobre o amor, sobre a mágoa e especialmente sobre o perdão.
Depois de ter estado bastante tempo afastada da sua família para uma desintoxicação, Kym (extraordinária Anne Hathaway) volta a casa para o casamento da sua irmã Rachel. Descobrimos ao longo do filme que foram as suas dependências que deram origem à morte acidental do seu irmão mais novo, facto este que destruiu e separou a família definitivamente. Ao voltar a casa Kym tenta a aproximação com a família que apear de a receber bem sente ainda a mágoa pela perda do seu ente e têm presente a mágoa e o ressentimento para com ela.
Atribulação atrás de atribulação num filme extramamente bem conseguido e de uma realização exímia (o único facto menos positivo que lhe atribuo é mesmo a câmara constantemente a tremer) entrega-nos no final um poderoso filme dramático sobre a culpa que sentimos e sobre a culpa que aqueles que nos amam nos atribuem.
A família é sempre família, e é no seu seio que se enterram ou revelam os maiores bens ou os maiores crimes. É nela, por ela e dela que sentimos pela primeira vez amor. O amor fraterno, o amor de pais.. de filhos... Simplesmente o amor. A grande questão que aqui então se coloca é como perdoar e não sentir ressentimento por aqueles que amamos? Por aqueles que é impossível odiar? Existe lugar para o perdão? Existe espaço para continuar a amar? Existe espaço para o outro? Existe espaço para continuar a querer junto de nós aqueles que nos fizeram mal mas que fazem parte de nós?
Estas e muitas mais são as questões que nos são colocadas por este filme e para algumas conseguimos encontrar respostas (para outras não), no entanto este não deixa de ser um filme que não só tem um argumento muito bem conseguido que nos entrega personagens que não são vítimas de nada a ão ser delas próprias, e que são tornadas "reais" pelas fantásticas interpretações de Anne Hathaway (nomeada para um Oscar de Melhor Actriz), Debra Winger e Rosemarie DeWitt. Todas com excelentes desempenhos, mas não será ao excessivo referir que Hathaway supera tudo e todos e torna o filme seu. Assim como também não será excessivo referir que a tensão final existente entre Hathaway e Winger é um dos maiores e melhores momentos de todo o filme que por si já é grandioso.
Comovente é também a banda-sonora da autoria de Donald Harrison Jr. e Zafer Tawil naquele que é um dos melhores filmes que estreou este ano que agora termina.
"Kym: When I was sixteen, I was babysitting my little brother. And I was, um... I had taken all these Percocet. And I was unbelievably high and I... we had driven over to the park on Lakeshore. And he was in his red socks just running around in these piles of leaves. And, um, he would bury me and I would bury him in the leaves. And he was pretending that he was a train. And so he was charging through the leaves, making tracks, and I was the caboose, and I was, um... so he kept saying, coal, caboose! Coal, caboose! And, um, we were... it was time to go and I was driving home... and... I lost control of the car. And drove off the bridge. And the car went into the lake. And I couldn't get him out of his car seat. And he drowned. And I struggle with God so much, because I can't forgive myself. And I don't really want to right now. I can live with it, but I can't forgive myself. And sometimes I don't want to believe in a God that could forgive me. But I do want to be sober. I'm alive and I'm present and there's nothing controlling me. If I hurt someone, I hurt someone. I can apologize, and they can forgive me... or not. But I can change. And I just wanted to share that and say congratulations that God makes you look up, I'm so happy for you, but if he doesn't, come here. That's all. Thank you."
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